“Humildade e vontade de aprender” de Fernandes deixaram marca na memória de Vasco Seabra, ex-treinador do Estoril, confiante numa época “com oportunidades” para o médio, mesmo ante concorrência de peso.
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O primeiro jogo do Sporting à vista dos adeptos na pré-época mostrou que Rúben Amorim pode olhar para Mateus Fernandes como um autêntico reforço para o meio-campo. A época no Estoril amadureceu o jovem formado em Alcochete, que, com apenas 20 anos, deixa pouca margem para dúvidas: a longo prazo, o destino passa por um clube europeu de topo. Quem o diz é Vasco Seabra, um dos grandes responsáveis pelo crescimento do médio na Amoreira, local de aperfeiçoamento antes do regresso ao reino do leão.
Vital no crescimento do jovem centrocampista, Vasco Seabra entende as comparações com Matheus Nunes e augura-lhe futuro em “equipas de topo”
“Não tenho problemas em dizê-lo: o Mateus é um craque. Diferenciado, por todas as características que tem e pela humildade que demonstra. Com este perfil, auguro-lhe um percurso gigante. Tem tudo para chegar à Seleção e fazer um percurso de venda, chegando às principais ligas da Europa. E estou a falar de equipas de topo”, assinala o treinador a O JOGO, indo mais além: “Tenho um carinho muito especial por ele, mas posso dizer que vão ser os outros que vão ter de se comparar ao Mateus. Não é ele aos outros.”
Após a partida com o St. Gilloise, as redes sociais “explodiram”: Mateus Fernandes rapidamente foi “elevado” a reencarnação de Matheus Nunes, outrora figura maior do Sporting e hoje no Manchester City. “Há traços, de facto. Na abrangência espacial, no ganhar metros em progressão, na transição em cavalgada... Defensivamente, consegue voltar para trás muito depressa. Em transição ofensiva, a forma de passar os adversários, de ir na passada e deixá-los para trás, como se viu no 2-0 contra o St. Gilloise. Mas acredito que o Mateus Fernandes tem, eventualmente, um pouco mais de capacidade de poder construir em primeira fase. Pode acrescentar mais do que o Matheus Nunes, tendo já nele as outras partes do jogo”, ressalva Vasco Seabra, abrindo margem a uma maior progressão do internacional sub-21.
“Tem traços de Matheus Nunes, na abrangência espacial e na transição em cavalgada”
Da época que viveram juntos no Estoril, ficaram “muitas e boas memórias”, assentes num registo evolutivo claro. “É fácil esquecermo-nos de que o Mateus Fernandes nasceu em 2004, porque já é um homem naquilo que é compromisso, disponibilidade e vontade de aprender. Encara cada treino como se fosse a final da Champions”, realça, considerando que o atleta “evoluiu muito na última época”. “Era um bocadinho selvagem, por vezes ia para todos os lados do campo, e esse foi dos principais crescimentos que registou, perceber onde a equipa precisa dele e que o jogo não se faz de forma caótica. Continua a ser agressivo e intenso, mas cresceu no equilíbrio posicional”, detalha o ex-técnico dos canarinhos, confiante numa boa época do antigo pupilo, mesmo perante concorrência de peso.
“Acredito que vai ter oportunidades. É muito diferente do Hjulmand, do Morita e do Bragança. Tem a capacidade de colocar em jogo agressividade e intensidade muito altas. Qualquer um dos outros três pode equilibrar e ele pode soltar-se mais para construir entre linhas e perto das últimas zonas. Fisicamente é muito potente”, acrescenta.
Kovacevic joga “sob pressão”
Além de pedir a Vasco Seabra para traçar o perfil de Mateus Fernandes, O JOGO apela à visão do treinador para avaliar a primeira “amostra” de Kovacevic e do jovem Rafael Nel, autor do 1-0 no Sporting-St. Gilloise.
“Kovacevic teve uma ou outra saída não tão acertada, mas na globalidade fez um bom jogo, com muita capacidade para jogar sob pressão e ajudar a construção da equipa. Penso que será um acrescento ao Sporting”, aponta, confessando-se “surpreendido” com o rendimento de Nel.
“Se o Sporting fechar o ponta-de-lança de que há tantas semanas se fala, o espaço pode ficar mais reduzido, claro. Mas o clube tem a felicidade de ter um treinador que, do ponto de vista da formação, é muitíssimo bom, pela coragem que tem de apostar e dar sequência. É já uma referência para a classe em Portugal”, diz.