O JOGO juntou seis ex-jogadores para no dia mais importante da história do clube, explicarem como é que o pequeno Aves cresceu tanto.
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Chegou finalmente o dia mais importante desde que o Aves foi fundado em 1930. A vila, com cerca de 8500 habitantes é o 25º finalista diferente da Taça de Portugal, mas como é que um meio tão pequeno, comparado com outros gigantes, conseguiu chegar ao dia mais bonito da temporada? Para o explicar, O JOGO juntou seis antigos jogadores: Pinheiro, que se notabilizou na década de 70, e os mais contemporâneos Rui Faria, Tiago Valente, Vítor Manuel, Leandro e Neves que totalizam 905 jogos pelos avenses. Querem saber o segredo deste emblema do concelho de Santo Tirso? "Não se explica, sente-se", diz quem sabe. "Sou de Caminha e vim morar para as Aves quando assinei pelo clube. Estive cá oito anos e percebi que se o jogador desse tudo era admirado. Eu não fui um profissional do Aves, eu fui um apaixonado pelo Aves. É algo que não se explica. É o dar tudo", explicou Leandro.
Dos seis, Tiago Valente, de Macedo de Cavaleiros, e Rui Faria, de Guimarães, também vieram de fora, mas converteram-se. "Quando vim assinar, o Sr. Freitas, presidente da altura, disse-me que não queria saber se eu jogava bem ou mal. Queria era que eu desse tudo. A partir daí, fiquei a perceber o que isto era", esclareceu Tiago Valente. Rui Faria passou 15 épocas no Aves e, mesmo jogando pouco, nunca pensou em sair. "No fim da época, falava com o clube e renovava automaticamente. As pessoas perguntam-me se eu não simpatizo com um dos grandes. Eu digo sempre que o meu clube é o Aves", frisou. "Os jogadores sentiam algo diferente quando vinham para cá", acrescentou Neves.
"Quando vim assinar, o presidente disse-me que não queria saber se jogava bem ou mal"
Chegar ao "Dia D" da prova-rainha é algo inédito, mas não um acaso da sorte, pois os nortenhos já andavam a cheirar o Jamor há algum tempo. As três eliminações nos quartos de final que o digam. "Nos no nosso tempo, já sonhávamos chegar à final", diz Neves. "Até no meu tempo, na III Divisão, estivemos quase. Era uma coisa que esteve sempre na cabeça das pessoas", referiu Pinheiro. "Este ano, as coisas conjugaram-se com o sorteio", completou Neves.
Agora, aqueles que sentiram o vermelho e branco nas veias querem que essa mística esteja hoje espelhada no relvado. "Os jogadores já sentiram o que é o clube com o que se passou em Moreira de Cónegos ou nas Caldas. Isso marca", opinou Vítor Manuel. Hoje sobe ao Jamor 87 anos da história deste Desportivo.