<strong>HERÓIS DA TAÇA - </strong>Três anos após ter saído da II Distrital, o clube reviveu tardes de glória ao eliminar o Marítimo. Hugo Coelho, presidente desde 2017, é um dos responsáveis pelo rejuvenescimento.
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Sete anos depois de ter saído da I Liga, com a SAD em falência, e de ter caído na II Divisão Distrital da AF Aveiro, o Beira-Mar reviveu anteontem momentos áureos ao afastar o Marítimo da Taça de Portugal, no desempate por penáltis.
Orçamento para o futebol é inferior a 300 mil euros. Defrontar um grande ajudava a tesouraria do clube, acabado de chegar dos distritais
"Temos os pés bem assentes na terra. Não é por termos eliminado uma equipa da I Liga e por estarmos no lugar que estamos no campeonato [segundo lugar na Série C do Campeonato de Portugal] que vamos redefinir os objetivos passados três meses", afirma Hugo Coelho, presidente da Direção do Beira-Mar.
"Sabemos o caminho que queremos percorrer e não vamos fugir daquilo a que nos propusemos no início da temporada. Este é o primeiro ano neste escalão, passámos quatro anos nos distritais, fruto de decisões que nos levaram para a II Divisão Distrital, e encarámos essa realidade com a mesma seriedade com que enfrentamos o futuro. O Beira-Mar procura a estabilidade, a proximidade aos adeptos, respeitando os adversários, como fizemos com o Marítimo e fazemos no nosso campeonato", acrescenta Hugo Coelho, engenheiro eletrónico e de telecomunicações e diretor no Parque de Ciência e Inovação.
O diretor no Parque de Ciência e Inovação, que apostou em Ricardo Sousa para conduzir a equipa no regresso aos nacionais, não esconde que gostava de receber um grande na próxima eliminatória
O orçamento do clube, que tem 16 modalidades, é de pouco mais de 600 mil euros e, para o futebol, revela Hugo Coelho, que assumiu a liderança do clube em maio de 2017, "não chega aos 300 mil euros". Por isso, o líder do Beira-Mar e presidente da concelhia do PSD de Ílhavo não se importava que o adversário na quarta eliminatória da Taça de Portugal fosse um clube grande. "Recebermos um FC Porto ou um Benfica trará adeptos ao estádio e, para nós, a base são os adeptos do clube. Seria bom a nível de receita, mobilização, e um bom espetáculo. Uma transmissão televisiva seria fantástico. Temos um estádio onde já jogou a Seleção, a Supertaça também já foi cá várias vezes realizada e por isso temos todas as condições para receber qualquer adversário. E para a promoção do futebol e do Campeonato de Portugal, seria sempre apetecível", concluiu o dirigente de 47 anos.
De Leonardo Jardim, Rui Bento, Ulisses Morais e Costinha até Cajó
Antes de Ricardo Sousa regressar, agora como treinador, ao clube onde fez o golo da vitória, sobre o Campomaiorense, na final da Taça de Portugal, a 19 de junho de 1999, sob o comando do pai, António Sousa, o Beira-Mar era orientado por Cajó, técnico que garantiu a subida, na época passada, ao Campeonato de Portugal. Antes de 2015, temporada em que José Alexandre, jornalista e treinador, pegou na equipa na II Divisão Distrital, o Beira-Mar foi orientado, na I Liga, por Leonardo Jardim, Rui Bento, Ulisses Morais e Costinha, e na II Liga por Daniele Fortunato, Jorge Neves e Paulo Alves.
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Yannick mostrou que tem "corpo"
Autor do penálti que permitiu a passagem à quarta eliminatória, Yannick ficou com um "sabor especial" por ter afastado o Marítimo. "Estive lá duas épocas, nunca me deram uma oportunidade para jogar na equipa B, estive sempre na C, nos distritais", contou. "O que o treinador, Ludgero Castro, me disse é que não tinha corpo para jogar no Campeonato de Portugal. Provei que tenho corpo para jogar neste escalão e até mais acima, é a lei da vida", atirou. "Queria mostrar-lhes que tenho qualidade mesmo com este corpo. Fiz um grande jogo, a equipa também. Jogámos com muita alma e, nos penáltis, estivemos melhor", sublinhou o médio de 23 anos, que se dedica a tempo inteiro ao futebol. "Trabalho para chegar ao mais alto nível. Este jogo foi uma boa montra e agora gostava de defrontar o FC Porto ou o Benfica em Aveiro. Um grande é mais apetecível", rematou.