Só há uma equipa, entre os 108 que disputam os nacionais, que ainda não perdeu esta temporada. É um histórico à procura do regresso aos patamares principais.
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O bom tempo está de volta a Aveiro, e mais concretamente ao Beira-Mar. Esta afirmação até pode parecer contraditória, visto que a chuva não tem dado tréguas nos últimos dias, e desengane-se também quem pensar que este é um fenómeno de bonança que afetará só a região aveirense. Na verdade, este bom tempo tem a ver com sucesso desportivo, ou, antes, com o ressurgimento de um histórico que é o único clube que ainda não perdeu entre os 108 emblemas que disputam os campeonatos profissionais, repartidos por I Liga (18), II Liga (18) e os 72 do Campeonato de Portugal (CdP).
São já 11 os jogos que os beira-marenses levam na temporada, nos quais conseguiram quatro vitórias e quatro empates na Série C do CdP, que lideram, e três apuramentos na Taça de Portugal. É no velhinho Estádio Mário Duarte que o Beira-Mar treina durante quase toda a semana, fazendo, no máximo, um apronto no Municipal, onde joga. O Mário Duarte tem os dias contados (vai dar lugar à ampliação do hospital) e as marcas do tempo são evidentes: em algumas balizas, nota-se mais a ferrugem do que a tinta branca e é difícil encontrar um lugar nas bancadas (que são cobertas) onde não chova, pois a estrutura apresenta vários buracos. Mas foi aqui que o Beira-Mar palmilhou 27 participações na I Liga, conseguiu ficar em sexto lugar em 1990/91 e trilhou um caminho rumo à final da Taça de Portugal de 1999, prova que viria a vencer com um golo de Ricardo Sousa, o agora treinador dos aurinegros. No ano seguinte, o clube, que até tinha descido, foi à extinta Taça UEFA, tendo sido eliminado por um Vitesse treinado por Ronald Koeman.
Só que a segunda década do ano 2000 quase destruiu o Beira-Mar, penalizado por gestões pouco claras e afogado em dívidas que atiraram o clube, em 2015, para a última das distritais de Aveiro. Os alicerces beira-marenses tremeram, mas não ruíram. Logo nesse ano, o Beira-Mar, que contou com a ajuda de algumas glórias, como Pedro Moreira, Cristiano ou Cílio Souza, subiu para a I Divisão da AF Aveiro. Cílio, antigo avançado e que agora é adjunto de Sousa, viveu tempos de "muito sofrimento". "Andávamos com a casa às costas e não havia condições de treino. Jogámos em pelados, sem desprimor pelos clubes, mas isso fez-nos crescer", recorda. Os adeptos, divorciados de um clube que se mudara para o Municipal, palco do Euro"2004 situado na periferia da cidade, reaproximaram-se quando o Beira-Mar voltou ao Mário Duarte. "Esse regresso dos adeptos fez-nos muito bem", conta Cílio. A falta de condições ditou o retorno a um palco de 30 mil pessoas que, com apenas cinco mil, se aproximou dos tempos idos quando, esta temporada, o agora pequeno (de divisão) Beira-Mar tombou o gigante (de I Liga) Marítimo. "Isto pode parecer um cliché, mas, se não fossem os adeptos, não teríamos conseguido empatar aquele jogo e levá-lo para os penáltis", frisa Rui Sampaio, médio que é um dos dois resistentes neste plantel que jogou pelo Beira-Mar noutros patamares; o outro é o capitão Artur, que voltou em 2017 para jogar no distrital. "As pessoas não têm noção do que é o Beira-Mar. Não podemos passar pelas situações anteriores se queremos que o clube volte a ser grandioso", avisou. Conseguir o regresso aurinegro aos nacionais foi um primeiro passo, os próximos tencionam ser conseguidos nos capítulos que se seguem. "Temos um grande equipa a todos os níveis. Só peço às pessoas para que nos venham ajudar. Ajudem-nos, porque, em campo, esta equipa vai dar tudo por este símbolo e por este clube", prometeu Rui Sampaio. Por agora, ninguém tira o gosto ao Beira-Mar de ser caso único entre 108 clubes.
Fabeta: o adjunto de 32 anos
Fabeta é um dos treinadores adjuntos de Ricardo Sousa. O técnico de 32 anos acabou na época passada a carreira, onde chegou a representar Cesarense e Lourosa. "Sabia que o meu percurso estava a chegar ao fim e que já só teria mais um ou dois anos a um bom nível. Já tinha sido treinado pelo Ricardo e partilho muitas das ideias dele, tenho o nível II de treinador e resolvi antecipar o fim da carreira", conta. No plantel, João Nogueira, Rodolfo Simões, Edgar Almeida, Fábio Vieira e Dieguinho já tinham sido orientados por Sousa noutros clubes. Para o quinteto, o "filho" do técnico é "Dieguinho", mas tudo dito com boa disposição.
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O plantel visto por Edgar Almeida (central do Beira-Mar)
O jogador do Beira-Mar deu a conhecer o plantel que levantar o Beira-Mar e no balneário há um Eminem, um Eusébio, um João Só e um Jackson Martínez...
Gabriel Miotti
Guarda-Redes
Um mãos de aço, defendeu um penálti contra o Marítimo. É brasileiro, italiano, argentino... eu nem sei o que ele é.
Ivanov
Guarda-Redes
Outro mãos de aço. Não falha nada.
Hugo Carvalheira
Guarda-Redes
É o homem mais apaixonado de Aveiro. Passa a vida a falar da mulher.
André Nogueira
Lateral-direito
Esteve lesionado e está pronto para voltar.
João Nogueira
Lateral-direito
Tem apelido de um cantor português que é o João Só, porque ele é o João só... ao domingo. Treinar é para esquecer...
Adson
Lateral-direito
É o nosso pequenino, gostoso e bem cheiroso.
Isaac
Defesa-central
Apresento-vos o nosso bico de agulha. Tudo o que mexe tem de tombar, e não há volta a dar.
Edgar Almeida
Defesa-central
Sou central e claramente dos mais bonitos deste plantel.
Pelegrini
Defesa-central
Tem 15 nacionalidades e eu sinceramente não sei qual é a de origem...
Diego Tavares
Defesa-central
Desculpem, mas não posso falar mal do nosso "centralão".
Rodolfo Simões
Lateral-esquerdo
Sou eu no meio e ele na esquerda da defesa. É o meu parceiro e, com ele, não falha nada.
Bernardo
Lateral-esquerdo
Este é o filho do Artur, porque lava as botas dele, vai à rouparia buscar meias, se alguma estiver danificada é ele que a arranja... faz tudo.
Frank
Médio-defensivo
Tem muita qualidade para dançarino. E não é o único.
Rui Sampaio
Médio-defensivo
Não come carne desde 2003 e por isso nunca mais se lesionou. É o que mais corre nos jogos.
Breda
Médio-defensivo
Hoje só trouxe um casaco, mas costuma trazer 15. É conhecido como o Eminem.
Fábio Vieira
Médio-ofensivo
O contabilista da equipa. Não falha quando é preciso tirar dinheiro à malta por multas ou coisas assim...
Ming
Médio-ofensivo
Tem uma grande cabeça, um coco espetacular, mas é um miúdo de primeira.
Aparício
Médio-ofensivo
Não dá para avançar? Hoje, ele caprichou, mas é dos piores a vestir-se.
Yannick Semedo
Médio-ofensivo
O homem-bomba, o Eusébio da Barra, e pesa menos de 30 quilos.
Dieguinho
Extremo
Passem já para o Caminata, porque não dá para separar um do outro.
Caminata
Extremo
Não se pode dissociá-lo do Dieguinho. É dos que têm mais seguidores no Instagram.
Boateng
Extremo
O Jackson Martínez da Barra. Ninguém dança como ele.
Artur
Extremo
O nosso capitão é o "King [rei] dos Kings".
Cícero
Avançado
Não sei se já viram algum filme com The Rock, mas se já viram e se sabem quem é o ator, então ele é parecido com o Cícero.
Xano
Extremo
Anda com as calças do Breda, parece irmão dele. Até é um segundo Eminem.
Isaac Cissé
Avançado
É um dos nossos goleadores. Tem faturado pesado.