O médio não desiste de se impor no FC Porto, acreditando que o pior já lá vai e que a próxima época fará dele o indiscutível que em determinada fase desta época já foi. Processo de evolução foi longo...
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À 33.ª jornada do campeonato, Herrera vai finalmente folgar. Utilizado nos 32 jogos anteriores (tem 51 no somatório de todas as provas, tantos como Corona, e os dois são os portistas que participaram em mais jogos), o mexicano viu o quinto cartão amarelo contra o Aves e abre a porta do onze a Óliver Torres, que em determinada fase da época até foi primeira opção com muita frequência.
A distribuição de Óliver é muito mais vertiginosa e vocacionada para a baliza adversária.
Para o espanhol, esta é uma excelente oportunidade de capitalizar o crescendo de confiança em 2018/19, por comparação com 2017/18 e mostrar-se também com o foco já em 2019/20.
É que o capitão está de saída (o Atlético de Madrid é a hipótese mais provável) e Conceição costuma dar prioridade a quem conhece na hora da substituição. Aconteceu com Maxi Pereira, por exemplo, após a transferência de Ricardo Pereira para o Leicester. E Óliver não é só um conhecido, mas antes um jogador que não começou bem com o treinador mas soube ouvir, esperar, evoluir e formatar-se à medida de Conceição. Continuam a faltar golos, mas já lá vamos...
A saída de Herrera é uma espécie de carta-convite nesse sentido e o jogo da Madeira, com o Nacional, um ensaio geral, ainda que os dois últimos jogos da temporada.
Óliver tem contrato até 2021 e não desiste de se tornar uma figura do FC Porto. O espanhol foi uma das revelações de 2014/15, primeira época de Lopetegui, então com apenas 20 anos de idade. Foi por isso que o Atlético de Madrid o recuperou de empréstimo e o FC Porto se dispôs a pagar 20 milhões de euros pelo passe e fazer dele o jogador mais caro da história do clube, a par de Imbula. Mas nem com Nuno Espírito Santo nem com Sérgio Conceição o médio espanhol voltou a ser o mesmo. Fonte próxima do jogador garante que a mudança do 4x3x3, com bola, de Lopetegui para o 4x4x2 de Nuno e, depois, Sérgio não foi fácil de assimilar, em primeira instância porque o jogador sempre preferiu receber e tocar a funcionar como muro defensivo e, em poucos segundos, ter de aparecer próximo da área do adversário.
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O processo de mudança foi prolongado. Até porque apesar de desenhos idênticos, Nuno e Conceição têm ideias muito diferentes. A travessia do deserto em 2017/18 foi o tempo necessário à evolução. E a mesma fonte garante que Óliver nunca pensou desistir nem mudar de clube, e muito menos agora, que se sente a um pequeno passo de assumir de vez as rédeas do meio-campo. A saída de Herrera é uma espécie de carta-convite nesse sentido e o jogo da Madeira, com o Nacional, um ensaio geral, ainda que os dois últimos jogos da temporada (Sporting para a Liga e depois para a Taça) devam devolver o mexicano ao onze. Com Danilo formará aquela que é, à distância, a hipótese de dupla mais provável na próxima temporada. E o tempo é de estreitar relacionamento em campo, uma vez que só 11 vezes coexistiram no onze titular em 2018&19.
Diferentes construções, o mesmo impacto
Mesmo que um seja alternativa direta ao outro, Óliver e Herrera são jogadores muito diferentes (ler mais na coluna ao lado direito), a começar pelos golos marcados. Herrera já celebrou 34 vezes vestido à FC Porto, Óliver apenas 11, sete delas logo na época de estreia. Com o mexicano, a equipa fica mais sólida do ponto de vista defensivo, mais dura nos duelos e eficaz na definição. Óliver acrescenta qualidade na distribuição e imprevisibilidade na mesma. Com ele, o FC Porto joga mais longo, mais profundo e varia mais a forma de atacar. Na relação entre ganho e perda, os resultados não sabem para quem pender: o FC Porto de Óliver a titular ganhou 74% dos 23 jogos em causa, o de Herrera ganhou... 74% dos 47 jogos de que se fala. Em matéria de golos marcados, ambos "marcam" 2,3 golos por jogo e só nos sofridos há alguma diferença, com ganho para Óliver: 0,65 contra 0,85 quando joga Herrera.
Diferenças
Herrera ganha duelos, Óliver as interceções
A diferença entre Herrera e Óliver no capítulo defensivo está essencialmente na eficácia de um e outro nos duelos individuais, aspeto a que Sérgio Conceição nunca escondeu dar muita importância. O mexicano (24%) ganha mais cinco por cento dos duelos defensivos em que participa - entre os quais aéreos, até por ser mais alto - do que o espanhol (19%), sem falar da diferença enorme nos duelos pelo ar. Este, porém, consegue ser muito mais eficaz em matéria de recuperações de bola ou de interceções (37%) do que o capitão dos dragões (26%).
Espanhol estica mais o futebol portista
A distribuição de Óliver é muito mais vertiginosa e vocacionada para a baliza adversária do que a de Herrera. Além de participar muito mais no processo de construção (efetua em média 56 passes por 90 minutos), o espanhol arrisca mais no passe para a frente (19,9), no passe longo (10,6) - uma variação de flanco, por exemplo - e no passe em profundidade (2,73). Já o mexicano é mais curto no comprimento do passe.
Mexicano fatura mais e oferece menos
No esquema com um duplo pivô no meio-campo de que Sérgio Conceição não abdica, é Herrera quem mais consegue aparecer com maior frequência na área a finalizar. O mexicano (1,3) tem uma média de remates por 90 minutos praticamente idêntica à de Óliver (1,1), mas consegue ser muito mais eficaz (11%), ao ponto de ter oito golos marcados e o espanhol apenas um (4% de eficácia). No entanto, os papéis invertem-se no que concerne às ofertas: o 10 tem sete ofertas, enquanto o 16 somente uma.
Investimento a marinar e à espera de 2019/20
Recuperado de lesão, Loum ainda não teve oportunidade de se estrear pelo FC Porto como titular e na Madeira deve voltar ao banco de suplentes, ainda que nem isso esteja assegurado. O médio está emprestado pelo Braga, mas o FC Porto tem de pagar 7,5 milhões de euros no final da temporada. Em 2019/20 é provável que se constitua como alternativa real a Danilo, missão para a qual foi contratado.
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