<strong>ENTREVISTA (PARTE II) - </strong>A polémica da saída ficou no passado, mas Fucile mantém a opinião de que o negócio era privilegiado na altura. "Hoje tudo mudou", contrapõe. Vitórias na Luz e na Liga Europa foram "grandiosas".
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Fucile sente-se um felizardo por ter jogado no FC Porto e até admite que gostava de ter chegado antes.
Que memórias guarda dos tempos do FC Porto?
-Guardo grandes memórias. Foram tempos muito bons num clube tão grande como o FC Porto. Costumo dizer que há jogadores que não conseguem ser campeões uma única vez na carreira e eu ganhei imensos títulos no FC Porto. Tive mais alegrias que tristezas e sou um privilegiado por ter jogado neste clube e de ter estado neste país, onde sempre fui muito acarinhado. Os portugueses são muito calorosos. Por isso é que me apaixonei pelo Porto e por Portugal. É também por isso que continuo a vir para cá.
A vitória na Luz e na Liga Europa com André Villas-Boas foram os momentos que mais destaca. Ao todo conquistou 14 troféus no FC Porto, entre os quais cinco títulos nacionais
Quais foram os momentos mais marcantes que teve?
-Ganhar a Liga Europa foi inesquecível, assim como vencer no Estádio da Luz e conquistar o campeonato no terreno do grande rival. Foi grandioso. Mas não posso esquecer as Taças de Portugal e as Supertaças. Foram muitos títulos. Se soubesse que ia ganhar tudo isso tinha vindo mais cedo. Foi o melhor que me aconteceu na vida, porque estive num grande clube, com grandes companheiros e com muitos treinadores com quem aprendi muito.
Arrependido de ter saído tão cedo?
-Talvez sim, talvez não. Tomei as decisões pela minha cabeça, ninguém decidiu por mim. Fui eu que decidi ir para o Santos, porque achava que já tinha ganho praticamente tudo no FC Porto. Faltou a Liga dos Campeões. Depois, o FC Porto queria renovar o meu contrato, mas eu recusei, porque queria voltar a jogar no meu país para jogar no Nacional, o clube onde sempre quis jogar. Agora, quando volto ao Porto para matar saudades e percebo o carinho que os adeptos têm por mim, fico com uma vontade enorme de entrar em campo e voltar a jogar pelo FC Porto.
Nessa altura em que saiu, disse que no clube vivia-se uma escravatura. O que mudou?
-Nessa altura, estava triste e quando estamos tristes dizemos coisas que não pensámos. Naquela altura, eu achava que não jogava o melhor. Hoje em dia, jogam os melhores, porque o clube quer ganhar. Naquele momento em que estava no FC Porto, prevalecia mais o negócio do que a parte desportiva e isso deixou-me chateado. Eu achava que tinha de jogar e cada vez que entrava demonstrava que merecia. Atualmente vê-se que o que mais interessa é o clube. Os dirigentes passam e o clube fica... O FC Porto é o mais importante.
Sente que lhe desculparam essas declarações?
-Foram declarações normais. Sempre fui frontal. Tenho o carinho de todos, desde os dirigentes, adeptos, jornalistas. Tenho ainda o carinho do presidente Pinto da Costa. Adoro-o. Gosto de todas as pessoas do clube. Hoje em dia, passo na rua e as pessoas abraçam-me e tiram fotografias. Vou com as baterias carregadas para o Uruguai.
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"GOSTAVA QUE QUARESMA VOLTASSE"
A possibilidade de Quaresma regressar ao FC Porto tem sido noticiada, isto numa altura em que parece inevitável a saída do Besiktas. O avançado pode, aliás, seguir o exemplo de Pepe e voltar a um clube onde sempre foi acarinhado. Fucile gostava que tal acontecesse, até porque nutre uma admiração enorme pelo internacional português. Garante, inclusive, que nunca jogou com ninguém com tanta qualidade. Titulares indiscutíveis em 2006/07 e 200708, com Jesualdo Ferreira como treinador, formaram uma dupla excecional.
Tecnicamente qual foi o melhor jogador com quem jogou no FC Porto?
-Ricardo Quaresma. Gostava que ele voltasse ao FC Porto. Daqueles com quem joguei no FC Porto, era o que tinha mais qualidade. Fazia a diferença. Mas ele devia pagar-me um ordenado, porque eu tinha de trabalhar muito e marcar por ele, porque ele não marcava ninguém. Mas depois fazia a diferença, marcava golos e ganhávamos muitos jogos por mérito dele.
E nos treinos, quando tinha de o defrontar, como era?
-Nos treinos ele dava-me sempre uma porrada ou fazia uma finta que me provocava uma entorse no tornozelo. Então, eu não queria nada com ele.
"Quaresma devia pagar-me um ordenado, porque eu tinha de trabalhar muito e marcar por ele, porque ele não marcava ninguém"
Qual foi o adversário mais difícil de marcar?
-O Robben, quando estava em grande forma, e o Willian, quando estava no Shakhtar.
E no futebol português?
-Não me lembro de nenhum, até porque não tinham hipótese de passar-me [risos]. Ah, o Nani era complicado, muito rápido e habilidoso.
Qual foi o momento mais marcante em Portugal?
-O meu primeiro campeonato pelo FC Porto. Fiquei muito feliz.
E o momento mais triste?
-Não vou falar disso, já passou.
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