ENTREVISTA, PARTE III - Terminado um percurso de quatro épocas na equipa B do Sporting, Filipe Çelikkaya, técnico de 39 anos, entende que chegou a hora de assumir um novo projeto, de maior exigência. E acredita estar pronto para o desafio
Corpo do artigo
Começou a carreira em 2007/08, ainda como observador no Belenenses, passou pela formação de clubes como Benfica e Sporting, foi adjunto e assumiu os bês dos leões em 2020/21. A O JOGO, Filipe Çelikkaya faz um balanço positivo do seu percurso, mas agora quer mais.
Depois de quatro anos no Sporting B qual é o passo seguinte? O que projeta para o futuro?
-Tenho muito orgulho naquilo que tenho vindo a fazer desde o início da minha carreira. Desde a base até aos patamares competitivos mais altos. Tem sido uma carreira de grande dedicação, de grande trabalho, mesmo às vezes sob grandes dificuldades. E agora, após estes quatro anos, almejo e sinto-me muito preparado para a responsabilidade que poderei vir a ter no futuro. Espero desafios mais exigentes, em patamares competitivos diferentes em relação ao que tinha estado. Até porque, felizmente, tive a oportunidade de estar em campeonatos e em contextos muito diferenciados. A partir daí tu sentes-te preparado para tudo o que vier. E depois de tocar na Liga dos Campeões, o patamar mais alto do futebol, na Liga Europa, de passar pela I Liga portuguesa, pela equipa B do Sporting durante muito tempo e de termos feito um bom trabalho, em termos nacionais e internacionais, de ter passado pelo Benfica e pelo estrangeiro, no Al Ahli [nos Emirados Árabes Unidos] e no Shakhtar Donetsk [na Ucrânia]... Isso dá-me uma bagagem muito forte para agarrar qualquer tipo de desafio.
Qual é a sua ambição?
-A ambição é máxima, quero vencer. Quero uma equipa que se adeque às expectativas que tenho e que acredite no que procuro e nas ideias para ganhar em conjunto. Não vejo isso de outra forma. São esses os desafios que pretendo. Em patamares de exigência alta, até porque sinto-me muito capaz de ter respostas muito positivas nesses contextos, até pelo percurso que tenho tido.
Prefere continuar em Portugal ou admite dar o salto? Está preparado para esses desafios?
-Temos de ter ambição, seja a nível pessoal ou a nível profissional. Essa ambição também me move para outros desafios. Estes anos todos, que são 17 anos de carreira, fazem com que eu e a minha equipa técnica estejamos preparados para um desafio noutros patamares. Mas um desafio em que exista uma ligação com a administração na apresentação do projeto. Ou seja, a possibilidade de eu poder também escolher, porque o treinador também tem de ter essa capacidade de escolher, se aquele projeto é o mais indicado para ele ou não.
Já teve propostas?
-Tive propostas recorrentes nos últimos quatro anos em que estive no Sporting. Das mais diversas ligas, em termos nacionais e em termos internacionais também. A estrutura do Sporting sabia disso, o Rúben Amorim sabia disso, nunca foi segredo para ninguém. E após o término desta minha colaboração com o Sporting tive abordagens em termos nacionais e internacionais, mas senti que não era esse o passo ideal para a minha carreira. Por isso não dei esse passo em frente. Não quero que seja emocional, mas também quero sentir que me identifico com esse projeto.
Tem de ser um passo certo?
-Sim, a minha carreira tem sido feita de decisões, algumas de risco, mas sempre muito ponderadas, sempre com a noção de que tenho de tomar as melhores decisões para dar um passo seguro. Sabemos que a vida do futebol é assim mesmo, e portanto eu ajo de acordo com aquilo que é a minha consciência, dando passos seguros, tomando as melhores decisões para que possa ter sucesso no clube que representarei no futuro.