Vencedor da Taça Intercontinental e da Supertaça Europeia em 1987/88, ao serviço do FC Porto, Rui Barros sabe bem o que é jogar no Estádio Olímpico de Roma, onde os dragões tentam esta quinta-feira a passagem aos oitavos de final da Liga Europa. Declarações publicadas pelo clube azul e branco
Corpo do artigo
Regresso ao FC Porto em 1987/88 e papel nas conquistas: "Fui emprestado ao Covilhã e ao Varzim quando saí dos juniores, depois voltei e fiz um ano fantástico, quando conquistámos a Supertaça Europeia, a Supertaça nacional, a Taça de Portugal, o Campeonato e a Taça Intercontinental. Foi realmente um momento fantástico, um ano em que ganhámos quase tudo que havia para ganhar. Fui depois transferido para a Juventus, uma mudança que me agradou e foi muito diferente do que acontece hoje, porque agora os atletas sabem perfeitamente que podem ser transferidos, que existe essa hipótese. Na altura isso passava-nos despercebido, o que eu queria era ser titular do FC Porto naquele ano. Foi importante para mim a transferência para a Juventus, foi bom para os dois lados, como é agora, é bom para o encaixe financeiro, para o clube e também para mim, que vou jogar fora."
Esteve no Mónaco e voltou ao FC Porto: "Gostei também muito de passar pelo Mónaco, ganhámos uma Taça de França, fomos à tal final da Taça das Taças, que infelizmente perdemos - acho que foi a única final que eu perdi, pois na Juventus ganhei a Taça UEFA e a Taça de Itália e no FC Porto também tive várias finais ganhas. Regressei, já passados seis anos, ao clube do meu coração e tive a oportunidade de ganhar o Penta, que é um marco histórico no futebol português. Entre a minha saída para Itália e o meu regresso, mantiveram-se oito ou nove jogadores da minha primeira passagem, o que diz muito sobre a diferença na passagem de testemunhos que havia no FC Porto. Claro que hoje em dia é mais difícil ter jogadores muito tempo num clube, mas quanto mais tempo os jogadores aqui estiverem, mais se agarram à cidade, ao clube, às pessoas, à identidade e claro que era importante fomentarmos isso."
Há um Rui Barros no atual plantel? "O Rodrigo Mora tem algumas semelhanças comigo, até mais pela altura, mas cada um tem características especiais. Acho que ele tecnicamente é melhor e eu era mais rápido, ambos habilidosos, mas diferimos um bocadinho na velocidade em campo. Eu era mais rápido, tanto em espaço curto como longo, e o Rodrigo é um jogador que consegue encontrar jogo entre linhas, mais propenso ao passe, ao remate, de finta mais curta, acho que essa é a diferença, e as alturas também, ele é um bocadinho mais alto do que eu."
Outros jogadores da equipa que aprecia: "Quando se fala do coração é um bocadinho difícil. Eu gosto de todos os jogadores do FC Porto e desejo, aliás, que melhorem cada vez mais e se tornem importantes. Claro que o Diogo Costa é uma referência por estar há muitos anos no clube e nós temos tendência a identificar-nos com quem está cá há mais anos. É um capitão com uma capacidade enorme para lidar com várias situações que possam vir a acontecer."
Conselhos para a equipa: "Todos sabem quem é o FC Porto antes de aqui chegarem, não é um clube qualquer, tem uma dimensão enorme na Europa e no Mundo. Somos uma grande referência pela capacidade que temos de vencer a nível nacional e internacional e claro que os jogadores estão cientes disso. Vestir esta camisola requer uma maior responsabilidade de todos, um querer e uma vontade excecionais. Na minha opinião, não vale a pena falar muito quando se chega ou em entrevistas. O importante é falar pouco e que, dentro de cada treino, de cada momento de jogo, de cada estágio, na vida lá fora, sejamos responsáveis para representarmos este clube de topo. Lá fora, tenho muitos amigos, em Itália, França, Luxemburgo, nos Estados Unidos e na Polónia que olham para o sucesso do nosso clube, para a dimensão do nosso país e se questionam como é possível fazermos campanhas internacionais fantásticas. Daí parte o meu conselho para cada vez que vestirem a camisola do FC Porto darem o máximo porque os valores do clube são esses: o espírito de sacrifício, a vontade, o querer e a humildade. É tudo aquilo que sempre foi o nosso clube. Nunca pensarmos numa derrota, entrarmos sempre para ganhar. Há jogos - eu sei porque passei por isso – em que, se não se puder jogar bem, ao menos que se transpire, corra e lute, e que cada momento, cada disputa de bola, seja o último, cada duelo e cada ação ofensiva seja o momento mais importante do jogo porque são só 90 minutos, passa rápido, e quanto mais concentrados estivermos, lutarmos e complicarmos a vida dos adversários, mais forte seremos."