Registo defensivo do FC Porto na I Liga está a milhas da solidez vista nas três últimas edições. Sucedem-se os triunfos que escapam ao cair do pano.
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A situação delicada do FC Porto no campeonato será sempre explicada por vários fatores, mas é inevitável sublinhar a ineficácia defensiva.
Sérgio Conceição terminou todas as edições da I Liga com a defesa menos batida - e com o melhor ataque nos dois títulos que ganhou - num pilar que, atualmente, teima em mostrar-se frágil. Acresce a agravante de se acumularem os dissabores nas retas finais dos jogos, com triunfos que escapam por entre os dedos.
Os 21 golos sofridos em 19 jornadas já são mais do que os que foram encaixados em todo o percurso de 2017/18 (18) e de 2018/19 (20), e apenas menos um do que no último campeonato. Com uma média de 1,11 tentos encaixados por jogo, os dragões têm a pior defesa entre os seis primeiros classificados e já sofreram por duas ou mais vezes em sete encontros - mais uma do que na última época e mais quatro do que nos dois primeiros anos.
De facto, não é um problema recente e, juntando todas as competições, o FC Porto até vinha da melhor série defensiva, com quatro partidas de folha limpa, mas sofreu no duplo confronto com o Braga e na receção ao Boavista. E se na Pedreira há a ressalva de os golos só terem surgido em inferioridade numérica - para a Taça só com nove jogadores - o dérbi voltou a deixar os dragões com mais golos sofridos em casa (11) do que fora (10), no campeonato.
Estes números contrastam profundamente com o registo na Liga dos Campeões, prova na qual o FC Porto sofreu apenas três golos do Manchester City, em Inglaterra. Já no campeonato, os azuis e brancos só tiveram a baliza a zeros em oito ocasiões, muito longe das 19 folhas limpas de 2017/18 e 2019/20 e das 20 de 2018/19.
O que também se repetiu nos últimos três jogos foi a frustração na reta final, com os arsenalistas, por duas vezes, a empatarem nos últimos cinco minutos, tal como o Sporting fez o 2-2 em Alvalade aos 87" e virou a meia-final da Taça da Liga com golos aos 86" e 94". Além disso, se Sérgio Oliveira, anteontem, falhou o penálti que daria o 3-2 aos 86", também Alex Telles desperdiçou um castigo máximo aos 88", no triunfo por 2-3 do Marítimo. Por oposição, só se encontra o golo de Evanilson na Choupana, aos 88", que levou a eliminatória da Taça com o Nacional para prolongamento.
Vitória na quarta ou a pior série
Nas três primeiras épocas no comando técnico do FC Porto, Sérgio Conceição nunca esteve mais do que três jogos consecutivos sem vencer. O empate a dois com o Boavista aumentou a série para quatro, sempre com empates - Belenenses e Braga, duas vezes, foram as outras partidas, ainda que o 1-1 na Pedreira deixe os dragões em vantagem na meia-final da Taça de Portugal. Neste século, os azuis e brancos já estiveram quatro jogos sem ganhar por duas vezes (2013/14 e 2000/01) e duas série de cinco jogos, em 2004/05 e 2016/17. Será igualada se a Juventus não perder no Dragão...
CURIOSIDADES
Cinco empates de seguida em 2016
No dérbi, o FC Porto somou o quarto empate consecutivo, numa série parecida com a que teve em 2016/17, quando empatou cinco vezes seguidas, quatro delas a zero. Rui Pedro marcou em tempo de compensação frente ao Braga e garantiu o regresso aos golos e triunfos. Em 2004/05, os dragões perderam a Supertaça Europeia com o Valência e, depois, empataram com Braga, CSKA, Estoril e Leiria.
Pior pontuação na Liga desde 2009/10
Os 41 pontos somados valem a pior pontuação à 19.ª jornada desde 2009/10. Nessa época marcada por várias polémicas, e precisamente com Jesualdo Ferreira no banco, o FC Porto somava 40 pontos e terminou no terceiro lugar. Conquistou a Supertaça e Taça de Portugal.
Oliveira só falhou com o Boavista
O penálti que Sérgio Oliveira atirou ao poste foi apenas o segundo que o médio desperdiçou, em toda a carreira. A curiosidade é que o primeiro também tinha sido frente aos axadrezados, em 2017/18: aí, até meteu a bola na baliza, mas foi invalidado por ter havido duplo toque na bola. E o FC Porto saiu vencedor por 2-0.
Últimos minutos com desvantagem larga
Contando com todas as provas, o FC Porto sofreu golos decisivos a partir dos 85" em quatro ocasiões:com o Sporting para a Liga e na meia-final da Taça da Liga e o recente duplo confronto com o Braga - com a ressalva de os arsenalistas só terem marcado quando estavam em superioridade numérica. E só uma vez (Nacional, para a Taça) resgataram o resultado.