Litos, ex-jogador, e Tavares Rijo, antigo dirigente, reconhecem na equipa as características que lhe conferem capacidade de superação, numa época marcada por várias atribulações.
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O Boavista “luta sempre com vigor; no prélio põe todo o ardor de princípio até final” — este é apenas um excerto do hino do clube que ajuda a ilustrar a extraordinária resiliência numa época atribulada. Os problemas financeiros, que condicionaram durante muito tempo a inscrição de jogadores, levaram a cortes de eletricidade e afetaram os salários de todo o universo de funcionários, não vergaram o espírito de luta. A vitória na Vila das Aves, que colocou a equipa no lugar do play-off, foi a prova maior da resistência de um emblema que “é sentimento”, sublinha Litos, e uma declaração de “querer e de abnegação”, segundo Tavares Rijo.
Os dois são nomes emblemáticos na história dos axadrezados, um na estrutura e o outro em campo. Ambos reconhecem as capacidades de superação do Boavista e identificam a mais relevante de todas: “raça”. Uma palavra da gíria futebolística que pretende transmitir um poder especial de uma equipa ante um adversário ou contrariedades. “O Boavista, por muito mal que esteja, levanta-se, reergue-se, resiste”, enfatizou Tavares Rijo, ex-presidente da Assembleia Geral, com uma ligação ao clube de mais de 40 anos, afirmando-se um “homem de fé” e, por isso, crente no trabalho de recuperação do treinador Stuart Baxter. “Já ultrapassámos batalhas muito difíceis que ninguém previa: ganhar em Faro e na Vila das Aves, a dois concorrentes diretos. Há que acreditar”, frisou o ex-dirigente.
Duas vitórias sob a orientação do experiente escocês, às quais se junta a conquistada por Jorge Couto na fase de transição: nove pontos em cinco jogos, que contrastam com os três somados na era de Lito Vidigal, em seis jornadas. Litos nota agora a equipa “com muita raça, aguerrida”, como no seu tempo com a camisola axadrezada, e sente “os jogadores unidos e focados em ganhar e sair desta situação”. “O treinador é muito importante, mas, lá dentro, são os futebolistas que têm de desenvolver o futebol, e são eles que têm de dar a volta ao jogo”, completou o ex-jogador, acrescentando que “os adeptos são um dos grandes motivos de força”.Tavares Rijo vinca a convicção: “Quando a equipa está fragilizada, quando a administração está menos motivada, a massa associativa ergue-se. É o espírito da pantera”, reforçou.