Nuno Santos assinou pelo Vitória de Guimarães na época passada e, com a camisola dos conquistadores, disputou 56 jogos, além de ter marcado cinco golos e feito cinco assistências
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Feliz no Vitória, onde encontrou a desejada estabilidade, Nuno Santos admitiu que a primeira derrota doeu e destacou o equilíbrio do plantel, mesmo com a saída de Jota e Mangas.
O Vitória teve um grande início de época. Qual é o segredo?
-Mantivemos um pouco da base do ano passado, o que faz com que, naturalmente, as coisas saiam de uma maneira mais fluida. O treinador também implementou as próprias ideias. Acho que, no cômputo geral, temos muita qualidade dentro do plantel, o que torna tudo mais fácil em termos de resultados e de sucesso.
Como tem sido trabalhar com Rui Borges?
-Muito bom. É um treinador com quem me identifico bastante, tanto a nível profissional, com as ideias, como a nível pessoal, porque é uma pessoa muito calma. Mas, ao mesmo tempo, exige máxima responsabilidade aos jogadores. Consegue entender perfeitamente a mentalidade e a personalidade de cada um e acho que lida bem com o balneário. É o mais difícil de encontrar num treinador.
Ele gosta de ouvir os jogadores?
-Sim, sim. Tanto o treinador como a equipa técnica. São sempre muito abertos no que toca a ideias. As ideias deles são sempre as ideias deles, mas gostam sempre de nos ouvir. E quando o treinador tem de dar nas orelhas, dá... e dá bem [risos].
Mesmo com as saídas de Jota Silva e Ricardo Mangas, sente que o plantel é equilibrado?
-Sim, sem dúvida. Cada jogador tem as próprias valências, como o Jota e o Mangas tinham. Davam-nos outras coisas que, se calhar, os jogadores que estão aqui não dão. Mas isso não tem de ser mau. Simplesmente, é diferente. E nós, como equipa, temos de nos adaptar aos jogadores que ficam e acho que fizemos isso de uma forma muito natural. Continuamos a ter rendimento e a ter sucesso.
Marcou o golo que deu o triunfo histórico nas Liga Conferência. O que pensou nesse instante?
-A primeira coisa que me passou pela cabeça foi libertar um pouco da raiva que eu tinha em mim. Raiva positiva, de querer fazer mais, de querer poder ajudar mais. Sou um jogador que exige muito de mim e, quando sinto que não estou no meu melhor , fico um pouco frustrado comigo, porque sei o que consigo fazer, sei das minhas capacidades e por vezes, e vai acontecer mais vezes, não conseguimos dar o nosso melhor e foi um pouco dessa raiva que eu tentei passar para fora. Mas claro que é sempre um sentimento muito bom poder ajudar a equipa. Era um jogo muito complicado, num ambiente muito bom. Poder fazer o golo, ajudar a equipa é o mais importante. Depois, conseguimos mais três pontos e os recordes são só números para nós.
Quando tem esses bloqueios, como faz para os ultrapassar?
-Tento agarrar-me às coisas básicas, fazer o básico para poder ganhar confiança novamente em mim. Se eu sei que sou capaz de fazer uma coisa muito boa mas a normal não estiver a sair, quer dizer que alguma coisa está errada. E quando assim é, temos que ganhar confiança e ir aos poucos.
É muito exigente consigo?
-Sim, tanto que vejo sempre os jogos e analiso o que fiz de errado e o que fiz bem. Sou muito exigente comigo, ao ponto de ver pequenas ações, como um passo que podia talvez ter saído cinco metros para a frente para ajudar o meu companheiro e saiu mais para trás. Analiso tudo.
Qual foi o jogo mais complicado para o Vitória até agora?
-Provavelmente, foi contra o FC Porto, em casa, que perdemos por 3-0. Não só pelo resultado, mas também pela exibição que fizemos.
E porque foi a primeira derrota?
-Sim. Estávamos numa boa fase nessa altura. Mas também pela pouca produção que tivemos durante o jogo. Não criámos muito. Tivemos uma oportunidade, duas, se tanto. E foi difícil digerir, foi um jogo que nos ficou entalado.