Nuno Namora acredita na subida do Felgueiras: "Às vezes é preciso tocar mais bombo do que violino"
Nuno Namora estreou-se a marcar, contra o Paredes, jogo que apurou os felgueirenses para o play-off de subida. O lateral esquerdo, que iniciou a formação no FC Porto, está no Felgueiras cedido pelo Rio Ave. Na época passada esteve perto de subir com o U. Leiria e sabe que o grupo fará a diferença nessa fase.
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Emprestado pelo Rio Ave, com quem tem mais um ano de contrato, ao Felgueiras, Nuno Namora, de 25 anos, passou pelas escolas de jogadores do FC Porto, do Boavista e dos vila-condenses. O lateral esquerdo assume que a mudança se deu devido ao projeto de subida e também por ter gostado da Liga 3, quando na época passada representou a União de Leiria, clube que gostava de enfrentar na final da competição.
Estreou-se a marcar contra o Paredes, numa vitória que deu acesso ao play-off de subida. Como foi esse momento?
-É sempre especial marcar porque é uma forma de sermos reconhecidos e estarmos mais perto de ajudar a equipa. Quando marcamos e se garante a fase de subida à II Liga, ainda melhor. Os golos decisivos são sempre saborosos, mas o mais importante era garantir o acesso à próxima fase.
Qual é a sensação de terem sido a primeira equipa a garantir o apuramento para a próxima fase, com quatro jogos ainda por disputar?
-É bom, dá-nos confiança, mas por outro lado traz-nos mais responsabilidade. As outras equipas olham para nós de outra forma e, provavelmente, virão jogar com mais vontade, o que tornará os próximos jogos mais difíceis, mas é sempre melhor estar em primeiro do que em último.
Das outras equipas, quais são as que têm mais hipóteses de alcançar esse objetivo?
-Nos seis primeiros não há nenhuma equipa que seja fácil, mas se tiver de apostar numa que tenha sido mais competente aponto o Länk Vilaverdense. Tem um caudal ofensivo muito grande, jogadores muito desequilibradores e tem estado muito bem defensivamente. À entrada para esta jornada era a equipa com menos golos sofridos, juntamente connosco, e é o melhor ataque da Liga 3. Na série sul, o Leiria é sempre um candidato e gostava que fosse à final connosco, porque tenho lá ex-companheiros, gostei de estar lá e, acima de tudo, os adeptos merecem pelo apoio que têm dado!
O que perspetiva para a fase de subida? O ano passado o Felgueiras chegou lá, mas depois não conseguiu subir...
-Não estava no Felgueiras, estava no U. Leiria, mas presenciei de perto a segunda fase. Tínhamos de longe o melhor plantel em termos de individualidades, mas nessa fase é o melhor grupo de jogadores que ganha. No ano passado subiu a Oliveirense, mais pelo grupo do que pelas individualidades. Às vezes é preciso tocar mais bombo do que violino. No Felgueiras acho que pode ser este ano... No início fiquei reticente com o plantel que estávamos a construir, com muitos jogadores a virem do Campeonato de Portugal e outros que não conhecia, mas agora tenho a certeza que temos o grupo necessário para as guerras que aí vêm.
Estão na melhor fase da época, com cinco vitórias seguidas. Como se explicam estes números?
-O segredo é o trabalho. Além disso, a equipa está cada vez mais madura e vai percebendo melhor onde estava a cometer erros, melhorando e não repetindo os erros da última derrota, nomeadamente as transições defensivas. Vamos tentar melhorar as nossas fragilidades para os adversários não as explorarem. Está cada vez mais difícil ganhar-nos.
Veio para o Felgueiras por empréstimo do Rio Ave, está a gostar?
-Escolhi vir para o Felgueiras para jogar mais, num projeto de subida, e também já conhecia a Liga 3 desde o ano passado, que é cheia de qualidade e da qual toda a gente tem boas referências. Houve muitos jogadores a dar o salto sem passar pela II Liga. Neste momento, até acho a Liga 3 superior à II Liga, pois nessa divisão há muitos jogos fechados.
A ideia passa por ficar cá ou regressar ao Rio Ave para poder jogar na I Liga?
-O sonho é jogar na I Liga, mas isso só o tempo o dirá. É uma pergunta difícil, à qual não posso ser só eu a responder. Se o Felgueiras subir, iria ficar na dúvida, mas passava a batata quente para os clubes, eles é que tinham de decidir [risos]. Em termos de sonhos gostaria de chegar à I Liga, à Seleção Nacional e jogar com o Ronaldo, o melhor de sempre.
Que palavras lhe merece o treinador Agostinho Bento, que também se estreou no Felgueiras?
-Joguei contra ele há dois anos; eu pelo no Rio Ave B e ele pelo S. Martinho. Lembro-me de ele me ter ligado no final da época, porque queria que eu fosse jogador dele. Estou a gostar, é uma excelente pessoa e soube escolher bem o grupo. As peças estão a juntar-se e a formar um puzzle bonito.
Rúben Neves, Ricardinho e Dalot num percurso que tem o gémeo
Quando chegou ao FC Porto em 2007/08, Nuno jogou com João Félix, Diogo Dalot, Rúben Neves, Ricardinho (Santa Clara), entre outros, e os dois últimos já impressionavam. "O Dalot ainda não sobressaía, depois é que cresceu fisicamente; o Rúben Neves destacava-se ao nível do passe e o Ricardinho na finta. Já tinham uma forma anormal de trabalhar para aquela idade", recordou o lateral, que viveu a melhor época nos sub-19 do Rio Ave, quando esteve perto de ser campeão. "Na antepenúltima jornada estávamos em primeiro, depois perdemos com o FC Porto e o Sporting e fomos terceiros".
Nuno é colega do irmão gémeo no Felgueiras e "toda a gente diz que os dois juntos valemos por três, por nos conhecermos tão bem. Ele [Manuel] é um ponta-de-lança com faro de golo, mas é fácil contrariá-lo", brinca.