O emblema bracarense está numa curva ascendente de afirmação, com presenças em finais e troféus ganhos ao longo dos últimos anos. Incutir cultura de vitórias é a estratégia de Salvador.
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O Braga deixou de ser uma pedra ocasional nos sapatos dos denominados três grandes para se tornar um verdadeiro concorrente.
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Nos últimos dez anos, ou recuando ligeiramente até 2009/10, quando a equipa minhota conseguiu ser vice-campeã, com Domingos Paciência ao leme, nenhum outro clube se intrometeu tanto como o Braga com os emblemas mais poderosos e com recursos financeiros e sociais superiores. Ainda assim, o fenómeno não é novo, como se pode ver nas informações à esquerda, e foi bem executado pelo Boavista em mais do que um período temporal.
O museu do clube minhoto, outrora preenchido com taças regionais e apenas uma Taça de Portugal (1965/66), ganhou vida na última década, um período de conquistas sob a gestão de António Salvador. Duas Taças de Portugal (e uma final perdida, em 2014/15) e outras tantas Taças da Liga sustentam o crescimento do clube, havendo ainda a registar mais duas presenças na final da Taça da Liga, uma na Supertaça e a disputa da final da Liga Europa, perdida para o FC Porto em 2010/11. Um segundo e um terceiro lugares no campeonato são outros dados visíveis dos anos mais recentes do conjunto bracarense. Se estes são passos que sustentam, cada vez mais, a candidatura ao título de campeão, no seio do clube arsenalista há uma estratégia para incutir uma cultura de vitórias na equipa, uma mudança gradual de mentalidades, como assinalou recentemente Carlos Carvalhal.
Nos últimos dez anos não houve outra equipa que tenha crescido tanto. Antes, foi o Boavista a fazer peito aos grandes
A sombra que o Braga tem vindo a fazer aos denominados grandes já foi feita por outros em períodos distintos. Tendo como base de análise os clubes com um número equivalente de troféus, como se pode ver ao lado, o Belenenses foi o primeiro a "crescer" para Benfica, Sporting e FC Porto. Os homens do Restelo ganharam três Campeonatos de Portugal (prova já extinta e que antecedeu o atual campeonato) entre 1926 e 1933 e menos de dez anos depois venceram uma Taça de Portugal e mais tarde ainda se sagraram campeões (1945/46). O Vitória de Setúbal também teve dois períodos de crescimento alicerçado em títulos (de 1964 a 1967 e de 2004 a 2008), mas foi o Boavista quem mais ameaçou a hegemonia dos grandes. Nas décadas de 1970 e de 1990, os axadrezados colecionaram cinco Taças de Portugal e três Supertaças, sendo o corolário do último crescimento o título de campeão em 2000/01.
Convém ainda sublinhar que se o Braga vencer a Supertaça Cândido de Oliveira no dia 1 de agosto, a época 2020/21 será a mais proveitosa em termos de títulos.