Novos estatutos impedem perda de maioria do FC Porto na SAD para potenciais investidores
Novos estatutos obrigarão o clube a ter sempre mais de metade do capital social das sociedades já constituídas e a constituir. A Direção tem recusado as abordagens de investidores externos, mas se o novo documento for aprovado pelos sócios em Assembleia Geral, o clube ficará a salvo de perder o controlo da SAD no futuro.
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O FC Porto nunca sairá do controlo dos seus sócios se os novos estatutos, que foram elaborados por um grupo de trabalho criado para o efeito e que serão analisados ainda esta semana pelo Conselho Superior, forem aprovados em Assembleia Geral Extraordinária.
Tal como O JOGO revelou na edição de segunda-feira, o novo documento que vai reger os princípios do emblema portista já está pronto e nele encontra-se um novo ponto (4), adicionado ao artigo 7º - intitulado "meios" - que, no fundo, passará a obrigar, de forma estatutária, a que o FC Porto tenha sempre a maioria do capital social.
"Em todas as entidades coletivas, constituídas ou a constituir nos termos da alínea a) do número 2 do presente artigo, o Futebol Clube do Porto deterá sempre, direta ou indiretamente, nos termos permitidos por lei, pelo menos, a maioria do capital social, nunca prescindindo dos direitos e obrigações associados à referida participação", refere o documento.
No fundo, vai ser passada para o papel, com caráter vinculativo, uma das "bandeiras" de Pinto da Costa, que sempre recusou a ideia da entrada de investidores externos na SAD, como acontece com dezenas de clubes em todo o Mundo. "O FC Porto pertence aos sócios, está organizado de modo a manter-se a salvo de qualquer investidor. Cada país tem o seu modelo, não estou a dizer que um é melhor do que o outro, mas o nosso será sempre baseado na pertença dos sócios", garantiu, em março deste ano, numa entrevista à "Gazetta dello Sport". Foi precisamente por isso, que todas as propostas que chegaram nesse sentido foram recusadas, como revelou a O JOGO administrador financeiro, Fernando Gomes. "O que posso dizer é que isso [entrada de investidores] não está em cima da mesa, por decisão dos órgãos sociais do FC Porto. E posso acrescentar que tem havido várias tentativas de ligação ao FC Porto".
Ora, caso este novo ponto dos estatutos seja aprovado, não haverá qualquer margem para a perda do controlo do clube para investidores externo seja qual for a vontade das futuras direções. Sublinhe-se que as alterações só entrarão em vigor no primeiro dia após o próximo ato eleitoral do clube, que acontecerá na primavera de 2024.
Regulada a relação com os GOA
A nova lei do combate à violência no Desporto determina que os clubes têm o direito de apoiar os grupos organizados de adeptos (GOA), mas têm de estabelecer um protocolo, onde devem constar todos os apoios diretos e indiretos. Ora, isso mesmo também estará previsto nos novos estatutos do FC Porto. "A Direcção estabelecerá em regulamento o regime de cooperação a estabelecer com os Grupos Organizados de Adeptos, podendo prestar-lhes apoio técnico, financeiro, organizacional, logístico ou material, mediante a celebração de protocolo", propõe-se.