De Bruyne substituiu o agente pela empresa Analytics FC e renegociou o contrato apoiado num relatório estatístico.
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Há cerca de um mês, faleceu Mino Raiola, um dos mais famosos intermediários de futebol, que protagonizou algumas das maiores transferências da história. Destaca-se a de Pogba, em 2016, em que, segundo a Football Leaks, o agente recebeu 49 M€ por representar os três intervenientes do negócio: os dois clubes envolvidos e o jogador.
Com o intuito de acabar com comissões tão elevadas associadas a transferências de jogadores, a FIFA pretende reparar o que vê como um erro cometido em 2015, quando decidiu parar de regular a atividade dos agentes. Tal "erro" levou a que o montante total que os agentes receberam, segundo a FIFA, crescesse 120% entre 2015-19 (de US$298m para um recorde de US$655m). Em 2021, o valor foi de US$501m (ainda em recuperação dos efeitos da pandemia).
Neste sentido, a FIFA propôs reformas com o modelo "10-3-3": 10% do valor da transferência do jogador como limite máximo à comissão recebida por parte do agente representante do clube vendedor; 3% do valor do salário bruto como limite máximo à comissão recebida pelo agente que representa o jogador; e 3% do valor do salário bruto como limite máximo à comissão recebida pelo agente que representa o clube comprador.Além disso, a FIFA pretende limitar as recompensas para intermediários familiares dos jogadores que não são licenciados. Estas são medidas que a FIFA quer ver aprovadas ainda este verão (para entrarem em vigor antes da época 2023/24). No entanto, muitos dos agentes aliaram-se para processar a FIFA relativamente a estas reformas. Em 2019, agentes como Raiola, Jorge Mendes e Roger Wittmann decidiram formar o The Football Forum, um movimento internacional de agentes e jogadores de futebol que surgiu, diz o The Athletic, como resposta à vontade de serem impostos limites. Face a estas movimentações, o modelo proposto "10-3-3" deverá sofrer alterações num futuro próximo.
As mudanças nas dinâmicas não ficam por aqui. Recentemente, Kevin De Bruyne, substituiu o papel do agente essencialmente pela empresa Analytics FC, de data analytics. Contratou-a para produzir um relatório estatístico sobre a sua importância para a equipa de forma a renegociar pessoalmente os termos do contrato que tem com o clube. O próprio Jeremy Steele, fundador da Analytics FC, diz que "esta é a primeira vez que um jogador nos contrata para trabalharmos diretamente em seu nome. É uma evolução no futebol, creio eu".
Assim, podemos estar perante uma mudança estrutural da importância dos intermediários e das comissões. Mas como será o futuro? De que forma os atuais stakeholders se deverão adaptar e que competências precisarão de desenvolver? Uma coisa é certa, antecipam-se grandes alterações no paradigma das transferências de jogadores nos próximos anos e provavelmente alguma polémica neste percurso de adaptação.