António Salvador e Pinto da Costa negociaram transferências em 15 das últimas 16 épocas. O primeiro tirou mais rendimento financeiro e desportivo dos negócios
Corpo do artigo
Dezasseis épocas depois de António Salvador ter convencido Pinto da Costa a ceder Pena por empréstimo, os presidentes de Braga e FC Porto continuam a alimentar uma relação negocial que já movimentou mais de dez milhões de euros e envolveu 24 jogadores dos dois clubes.
Dois ex-dragões acabaram por contribuir para duas conquistas dos arsenalistas no confronto direto. Mas Beto, César Peixoto ou Luís Aguiar também foram referências. No FC Porto, os minhotos perderam-se
Nenhuma outra ligação entre "grandes" é tão estável no tempo e mexeu com tantos atletas como esta. E na hora de quantificar quem mais tem lucrado com ela, a balança pende mais para o lado dos arsenalistas. É natural, até pela dimensão dos clubes, que o Braga tenha recebido mais ativos (19 jogadores, 10 deles por empréstimo) e encaixado mais milhões (9,5 milhões de euros a que se somarão 7,5 milhões de euros por Loum no verão). O que é mais relevante ainda é a utilidade dos jogadores nos resultados: o Braga contou com a ajuda de dois ex-dragões para vencer a final de duas provas no confronto direto: Alan marcou o penálti que lhes deu a Taça da Liga em 2012/13 e Josué fez um dos golos da Taça de Portugal de 2015/16.
Ao longo deste período, Salvador e Pinto da Costa só não "pescaram" no plantel do outro apenas por uma ocasião: em 2013/14. As opções tomadas por ambos durante o mercado de verão ainda ameaçaram desfecho idêntico esta época, mas tudo mudou no derradeiro dia da janela de transferências de janeiro. Sérgio Conceição pediu mais uma solução para o meio-campo e o presidente dos dragões satisfez-lhe o desejo garantindo Loum junto dos arsenalistas por empréstimo com opção de compra obrigatória de 7,5 M€, que será o valor mais alto de todas as transações efetuadas entre as duas sociedades, superando os 6,5 milhões de euros pagos em 2016/17 pelos portistas por Boly, que teve uma utilização residual na Invicta e mais tarde foi transferido para os ingleses do Wolverhampton a troco de 12 milhões de euros.
Ainda que 24 jogadores tenham percorrido a A3 nos dois sentidos, o portal Transfermarkt revela que apenas três obrigaram António Salvador ou Pinto da Costa a recorrer ao cofre dos respetivos clubes, como a tabela documenta.
Se o FC Porto foi o primeiro grande parceiro preferencial de negócios do Braga de Salvador, a verdade é que os últimos anos levaram o Benfica a sentar-se mais frequentemente na mesa de negócios da Pedreira. André Horta, Djavan, Rafa, Benítez, Danilo, Dolly Menga, Rui Fonte e até Hugo Vieira foram jogadores que representaram guerreiros e águias recentemente.
Rafa e Assis na fase mais delicada
FC Porto e Braga, com Pinto da Costa e António Salvador, são parceiros habituais nos negócios, mas nem sempre o cenário foi pacífico, particularmente na época 2016/17, ao qual remontam os casos de Rafa Silva e Assis. As transferências desses jogadores, com meio ano de diferença, terão simbolizado o período de maior frieza entre os dois presidentes. FC Porto e Benfica disputaram a transferência de Rafa, que rumou à Luz a troco de 16 milhões de euros, enquanto Assis esteve no centro de um duelo entre dragões e arsenalistas, novamente com a equipa da Invicta a perder um reforço. Salvador, na altura, recusou responsabilidades pela transferência do extremo e garantiu que foi o primeiro a tentar contratar Assis.
Já na época passada, em resposta a uma proposta do G15 pelo fim dos empréstimos, Pinto da Costa "sugeriu" que António Salvador devolvesse João Carlos Teixeira. Curiosamente, esta temporada, o médio foi cedido ao V. Guimarães.