Luís Zambujo viveu uma nova experiência no Vitória da Ilha do Pico.
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Luís Zambujo foi campeão da II Liga com o Belenenses, com o Portimonense, subiu também com o Farense, e, aos 35 anos, resolveu ir jogar na Ilha do Pico. De volta ao continente, o homem que nasceu em Portel e fez a formação no Benfica ficou encantado com a experiência e diz que quer continuar a jogar.
O que leva um alentejano, com muitos e muitos anos de Algarve, a mudar-se para a Ilha do Pico para jogar no Vitória?
Gostei da proposta que me fizeram e a paixão pelo jogo levou-me à aventura. O presidente Paulo Plácido também fez muita força para eu ir e reconheço que estava a precisar de algo diferente, de conhecer novas realidades, e assim embarquei. Vim do Pico - que é uma ilha linda - com um conhecimento geral do futebol açoriano, abri portas na região e fiz muitos amigos. Já tenho saudades.
E como correu, como foi a adaptação, mesmo em termos sociais? Fazia muitas viagens?
A adaptação foi rápida, inclusive porque a minha namorada foi comigo. A ilha é bastante calma, as pessoas são acolhedoras e viajei muito de avião para ir jogar nas outras ilhas. Foi espetacular, fazendo o que mais amo, que é jogar futebol.
Em que competições participou? Ganhou uma Taça...
O Vitória milita no Regional dos Açores e tínhamos de viajar sempre para outras ilhas, com estágios pelo meio, como nos campeonatos profissionais. E no fim ganhámos a Taça da AF Horta, o que foi muito bom para a gentes de São Roque do Pico, que fazem do Vitória o seu baluarte e que merecem tudo de bom.
Com que ideia ficou do futebol açoriano?
Vim com uma ideia diferente da que tinha. O jogador açoriano tem muita qualidade, o que já sabia, mas não calculava a competitividade que existe. As pessoas enchem os campos, os adeptos são ferrenhos e há qualidade em muitos jogadores, que jogariam sem problemas, pelo menos, na Liga 3.
Os jogadores são sobretudo locais?
As regras são claras: cada clube só pode ter dois jogadores "de fora", mas têm de ser internacionais jovens, seja qual for o país, ou, então, podes ir buscar todos os que quiseres, mas perdes os direitos do governo regional. Tudo isto para proteger o jogador açoriano, claro, por isso praticamente todas as equipas são formadas por jogadores locais. No Vitória, por exemplo, estava eu, o Djibi, internacional jovem pela Guiné, e depois um miúdo sul africano que, como era a primeira inscrição na Europa, contava como açoriano.
A proximidade ao Faial e aos sismos preocupou?
O Pico fica ao lado do Faial e de São Jorge, e São Roque do Pico, onde vivia com a Margarida, é mesmo virado para São Jorge. Na altura dos sismos toda a população ficou em alerta e muita gente de São Jorge mudou-se temporariamente para lá, mas, graças a Deus, nunca houve problemas.
E agora, que futuro? O que pensa fazer?
No futuro, de certeza, vou continuar a jogar. Sinto-me bem, joguei, não tive lesões, poderia até ter ficado nos Açores, onde tinha duas propostas, mas vou ser pai e decidimos regressar. Acredito que o telemóvel vá tocar, e, para além disso, também tenho o curso de treinador, perspetivando o futuro. Mas, para já, quero continuar a jogar.