A recuperação desta época não é caso único na história do FC Porto. Defour viveu essa sensação por duas vezes e fala de um clube "mentalmente mais forte" do que o Benfica, sobretudo nos momentos-chave.
Corpo do artigo
Steven Defour estará "sempre disponível" para falar do FC Porto. "Grande clube, excelentes memórias", começa por dizer em conversa com O JOGO.
12382264
No início da época, o médio deixou o futebol inglês (Burnley) para regressar à Bélgica, ao Antuérpia [não vai continuar], onde teve como companheiro Ivo Rodrigues, antigo jogador dos dragões. "Vemos sempre os resultados da equipa e conversámos sobre o campeonato português. Por acaso, este ano não vi muito jogos. Só vi dois, na Liga Europa, contra uma equipa alemã", afirmou. Seria o Bayer Leverkusen? "Essa mesma... Mas aquilo não correu muito bem", lamenta.
Defour continua a expressar-se bem em português e, depois do arranque de conversa em tom mais informal, seguiu-se o tema principal: a mais recente recuperação pontual do FC Porto no campeonato. "Pois foi, no meu tempo também recuperámos", recorda. Defour esteve nos dois títulos conquistados pelo FC Porto sob o comando de Vítor Pereira, que também teve de correr atrás de cinco (2011/12) e quatro pontos de desvantagem (2012/13) para o Benfica até se sagrar campeão.
"No FC Porto, quando sentes que tens uma oportunidade de ferir o adversário, não a vais desperdiçar"
"A verdade é que, nessas duas épocas, sentíamos que éramos mais fortes. Quando estávamos atrás na classificação, decidimos olhar só para nós, para a nossa equipa, e não ligávamos ao que o Benfica andava a fazer. Ninguém falava do Benfica no balneário. Só o FC Porto contava. Pensámos sempre no título, independentemente do tamanho do atraso", explica. "Na minha primeira época [2011/12], estávamos a cinco pontos do Benfica, que íamos defrontar no Estádio da Luz. No grupo de trabalho, todos estavam certos de que íamos lá ganhar... Na nossa cabeça, só precisávamos de recuperar mais dois pontos, porque sabíamos que venceríamos esse jogo. Acabámos por lá chegar já empatados na classificação, vencemos, passámos para a frente, e nunca mais de lá saímos", sustenta.
Dessa época, a sua primeira no FC Porto, Defour recorda um jogo que acabaria por o marcar pela positiva. "Perdemos com o Gil Vicente [em janeiro de 2012, quando o Benfica ficou com cinco pontos de avanço] e parecia que tinha acabado o mundo. Os adeptos protestaram com a equipa... Sente-se essa pressão, que acaba por ser positiva, porque nos obriga a dar ainda mais e a mantermo-nos sempre alerta. Sabemos que nunca podemos relaxar naquele clube", explica.
"Sabíamos que éramos mais fortes e dizíamos isso todas as semanas no balneário. Mas o mais importante era saber que o Benfica ia falhar. Todos sentíamos isso, era quase uma certeza absoluta para nós"
Na época seguinte, a do célebre golo de Kelvin, a história repetiu-se. Para além da "qualidade" dos jogadores, Defour atribui parte significativa desses dois títulos a uma cultura e espírito de vitória que são intrínsecos ao clube. "Não ficámos ansiosos ou nervosos em nenhum momento dessas duas épocas. Porquê? Porque sabíamos que éramos mais fortes e dizíamos isso todas as semanas no balneário. Mas o mais importante era saber que o Benfica ia falhar. Todos sentíamos isso, era quase uma certeza absoluta para nós. Sabíamos que se vencêssemos os nossos jogos acabaríamos por ser campeões. Não sei explicar muito bem, acho que é mesmo uma questão cultural. Não sei o que eles sentem no Benfica, mas nós sentíamos que eles tinham medo e que acabariam por falhar. E foi isso que aconteceu nas duas épocas. Provavelmente, agora aconteceu a mesma coisa", remata.