"No aniversário do Roger, pedi-lhe que tomasse a palavra e ele deu uma grande lição a todos"
Roger corre atrás de protagonismo nas rondas finais, com clubes ingleses na expectativa e também Rui Jorge, no que toca à lista para Europeu de sub-21. O “xerife” Moisés valida o estrelato. A história do menino prodígio começou em 2021, quando Moisés o fez alinhar pelos sub-19.
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Supersónico nas suas marcas, numa escalada sem vertigens, oferecendo grandiosas tonturas a quem o tenta travar, Roger está de volta para as decisões do Braga, capaz de acentuar as expectativas bracarenses numa chegada à meta à frente do FC Porto. O extremo de 19 anos esteve afastado da competição mês e meio, mas segue como o quarto jogador com mais jogos na época dos guerreiros, um total de 44, que encerram qualquer debate e produzem todos os louvores a uma cabal afirmação como figura de primeiro plano.
Carvalhal não arriscou usar Roger com o Estoril, mas já o deverá fazer no jogo que se augura difícil com o Famalicão, pois pode imprimir pedalada diabólica em qualquer encontro. Monitorizado em Inglaterra para uma grande transferência e pelos responsáveis portugueses para caber nas escolhas rumo ao Europeu de sub-21, que se realiza em junho, o extremo aspira impor os seus melhores recursos nas jornadas que restam da liga. O começo da aventura, após a chegada de Bafatá, foi com 15 anos, em maio de 2021, atuando pelos juniores diante do FC Porto. Dois meses depois, encantava Carvalhal e defrontava o Sporting, na Supertaça. Moisés, antigo central dos guerreiros, treinava os sub-19 quando o clube recebeu Roger e logo percebeu que tinha uma pérola em mãos.
"É muito fácil falar dele. Estávamos na pandemia, não havia jogos, mas sabíamos de atletas que chegavam para as categorias inferiores, nos sub-15 e sub-16. Vimos Roger quando regressaram os treinos, e bastou uma sessão para o incorporarmos nos juniores. Ele começou logo a treinar connosco e a Direção foi avisada. O que estava ali era uma grande vontade de vencer na vida", recorda Moisés Moura, atualmente treinador dos sub-20 do Coritiba. "Roger era muito dedicado, queria sempre mais e procurava aperfeiçoar cada pormenor. Identificavam-se muitas coisas que fogem da parte técnica. Era um jogador que corria muito, mas entendia pouco o jogo", recua o “Xerife”, perentório nos detalhes. "Era, sobretudo, um menino talentoso. Apareceu num torneio com oito equipas e foi artilheiro da competição. Acabada a época, falámos com o presidente para dizer que se o treinador da equipa principal precisasse de ver jogadores, que visse o Roger. Que era alguém que ia dar resposta", conta Moisés.
Deu uma lição a todos
Prenúncio do que seria uma aposta de Carvalhal. "Ele começa a ligar-me, estava eu de férias no Brasil, emocionado por estar com os profissionais. Fiquei orgulhoso, é um rapaz fantástico, que não deixou dúvidas. Está destinado à alta performance", evidencia, avistando um caminho para a glória. "Esse volume de jogos não me surpreende, mas não é para qualquer um. A vida do Roger é o futebol, conheço a sua história e a família. Estou a torcer por voos maiores, está num clube que dá valor aos jovens e tudo vai acontecer com naturalidade", enaltece o treinador, ainda munido de outro curioso apontamento.
“Ainda me recordo do seu primeiro aniversário, da sua tristeza pela distância de casa. Foi oferecido um bolo e decidi comprar-lhe um par de sapatilhas vermelhas. Sabia o que ele queria. No treino, cantámos os parabéns, abrimos o bolo e dei-lhe o presente. Pedi-lhe que tomasse a palavra e ele deu uma grande lição a todos. Falou da sua vida, dos seus sonhos. Aquele dia foi marcante, porque estava ali uma história de superação. Roger é um vencedor, muito puro. A sua essência vem antes da qualidade técnica e tática. Merece muito tudo o que tem conquistado”, remata.