Paulo Sousa, atual treinador do Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, esteve à conversa com o Luís Freitas Lobo, cronista d' O JOGO, no Thinking Football Summit
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Paulo Sousa, atual treinador do Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, esteve à conversa com o Luís Freitas Lobo, cronista d' O JOGO, sobre a evolução dos jogadores, treinadores e dirigentes no futebol português.
O técnico de 54 anos, ex-jogador de clubes como Juventus e Dortmund, em que venceu duas Ligas dos Campeões, abordou a evolução histórica que tornou Portugal numa “referência mundial” no talento. “Há nestas últimas décadas uma transformação notável do nosso talento. Essa mesma transformação não é só dos jogadores, também tem a ver com dirigentes, treinadores, na área do scouting… Em Portugal somos uma referência mundial. Hoje temos infraestruturas e recursos humanos capazes de desenvolverem de forma plena aquilo que é o talento”, disse esta quinta-feira no Thinking Football.
“Há cada vez mais jogadores jovens a entrarem na Liga, que é o último passo de uma formação capaz, a competição com outros. É um fator determinante e a Liga tem esse papel, de uma afirmação mais rápida desse mesmo talento, mas também já mais capaz. Capaz de assumir a pressão mais rápida e superá-la. No meu tempo, o caminho teve de se ir fazendo, consoante a personalidade e a exigência de cada um. Hoje temos uma maior base”, afirmou.
“A evolução do jogador português é natural. Houve uma necessidade de exportar o nosso talento. Temos dificuldade em competir com outras realidades, de outros países. Isso incrementa a velocidade de saída de alguns jogadores, mas eles estão mais preparados. Os clubes e todas as estruturas dão cada vez mais importância à comunicação, por exemplo. Eu sempre fui muito reservado, desenvolvi-me nesse aspeto”.
Na discussão foi também expresso o crescimento dos treinadores portugueses. “O facto de os treinadores irem além-fronteiras, e não podemos esquecer José Mourinho, que abriu essa mentalidade, permitiu-nos ter uma maior preparação de capacidade, metodologia e adaptação a novas realidades, não só culturais, mas também de clubes. Isso leva-nos a ser procurados à escala global”, referiu Paulo Sousa.