Os sub-19 portistas chegam à primeira final da competição embalados por um pedigree europeu que não se via no passado.
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O FC Porto procura tornar-se esta segunda-feira, às 17 horas portuguesas, na primeira equipa portuguesa a vencer a Youth League, num duelo com o Chelsea, carrasco das meias-finais da última época, nos penáltis.
A juventude já não se confunde com inexperiência. Se há uns anos a formação terminava sem desafios de grande exigência, o cenário atual é mais aliciante e o FC Porto é um exemplo claro da mudança
Em Nyon, nas conversas dos jornalistas com jogadores e com o treinador Mário Silva, tem sido habitual fazer comparações com o contexto de há um ano e há uma conclusão incontornável: o FC Porto sente-se mais preparado, não só porque já ultrapassou o registo da época anterior, mas também porque as alterações recentes no quadro competitivo permitem que os jogadores cheguem à reta final da formação já com um assinalável pedigree europeu.
É outro andamento. Nada comparável com o que se registava há, por exemplo, dez anos, quando os juniores apenas competiam no campeonato nacional, o que por si só já é limitador. No caso dos dragões, basta referir que os jogos mais exigentes, diante de Sporting e Benfica, só tomam lugar na fase final, depois da competição a nível regional, na qual é ainda mais difícil testar os limites dos jogadores.
A Youth League, criada em 2013/14, suprimiu essa lacuna e até permite que equipas cujos seniores não estejam na Liga dos Campeões possam participar - precisamente o caso do jovem Chelsea. Não obstante, os jogadores do FC Porto, conforme mostra o quadro que aqui exibimos, ainda acrescentaram experiência na Premier League International Cup, uma competição de escalão sub-23. Contas feitas, os atletas às ordens de Mário Silva acumulam 159 partidas internacionais, com direito a um recordista na Youth League: o guarda-redes Diogo Costa. Diogo Leite, chamado por Sérgio Conceição no início da época, até já atuou na Liga dos Campeões e foi por culpa desse "salto" que não se sagrou campeão europeu de sub-19 ao lado do guarda-redes e do companheiro de posição Diogo Queirós. Os três, no entanto, já tinham sido campeões europeus de sub-17 por Portugal. Em sentido inverso, veja-se o caso de Fábio Silva, de apenas 16 anos: já deixa vários jornalistas estrangeiros em Nyon a perguntar "onde está o Fábio?" e ainda pode participar em mais três edições da Youth League, embora, a julgar pelo potencial que demonstra, provavelmente não o faça.
Outra prova de crescimento é a de sete jogadores desta lista já conhecerem uma competição profissional, a II Liga. Do lado dos londrinos, nenhum pode dizer o mesmo, mas já têm duas Youth League no palmarés e grandes mostras de resiliência: apuraram-se nos penáltis nas duas últimas eliminatórias, depois de nunca terem estado em vantagem nos 90 minutos. O nome do perigo é Charlie Brown: a personagem de banda desenhada com quem partilha o nome tem problemas em acertar numa bola, mas o de carne e osso é o melhor marcador da prova, com 12 golos.