Movimento "Servir o Benfica" contra o voto eletrónico: "Compromete direitos básicos"
Movimento considera que "compromete direitos básicos do sócio, pois potencia a fraude e não assegura a confidencialidade do voto"
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O movimento Servir o Benfica emitiu um comunicado a contestar a possibilidade de utilização do voto eletrónico no próximo ato eleitoral do clube.
"As razões da nossa oposição ao recurso ao voto eletrónico são simples de explicar: o voto eletrónico compromete direitos básicos do sócio, pois potencia a fraude e não assegura a confidencialidade do voto. Estas são, aliás, as mesmas razões pelas quais não se recorre ao voto eletrónico nas eleições para os Órgãos de soberania da República, incluindo nos círculos da emigração. Afirmar que a restrição do voto eletrónico serve apenas os sócios residentes em
Lisboa é uma mentira gasta, na qual já ninguém acredita", lê-se no comunicado.
Veja o Comunicado na íntegra:
"Começando pelo fim e sem rodeios ou meias palavras: Voto Eletrónico? NÃO!
O Movimento Servir o Benfica não pode deixar de manifestar a sua surpresa — e até estupefação — perante o que tem sido escrito e dito sobre o tema do voto eletrónico nos últimos dias. A questão das condições de admissibilidade do voto eletrónico foi soberanamente decidida pelos sócios há menos de 6 meses, não nas redes sociais nem nos canais de televisão, mas sim na verdadeira casa da democracia do Sport Lisboa e Benfica: a sua Assembleia Geral.
Apelamos, por isso, ao bom senso de todos os intervenientes, à boa cooperação institucional entre todos os candidatos, e ao respeito escrupuloso pela letra e pelo espírito da Carta Magna do Clube, recentemente revista. A posição do Movimento Servir o Benfica sobre o voto eletrónico é, há muitos anos, do conhecimento dos benfiquistas. Orgulhamo-nos de ter sido os primeiros a propor a sua restrição, em dezembro de 2020, aquando da apresentação pública da nossa primeira proposta de revisão estatutária.
Por isso, não será o atual momento pré-eleitoral que nos fará mudar de ideias. As razões da nossa oposição ao recurso ao voto eletrónico são simples de explicar: o voto eletrónico compromete direitos básicos do sócio, pois potencia a fraude e não assegura a confidencialidade do voto. Estas são, aliás, as mesmas razões pelas quais não se recorre ao voto eletrónico nas eleições para os Órgãos de Soberania da República, incluindo nos círculos da emigração.
Afirmar que a restrição do voto eletrónico serve apenas os sócios residentes em Lisboa é uma mentira gasta, na qual já ninguém acredita. Vejamos os números: no último ato eleitoral — o mais participado da história centenária do Sport Lisboa e Benfica — os sócios residentes em Portugal Continental votaram exclusivamente de forma presencial. Dentro desse universo, mais de metade dos votantes exerceram o seu direito fora da cidade de Lisboa. Elucidativo.
Relativamente aos sócios residentes nas Regiões Autónomas — que votaram eletronicamente no último ato eleitoral — participaram menos de mil associados. Pode e deve, assim, o Benfica organizar secções de voto nessas Regiões, com base em critérios de bom senso, responsabilidade e razoabilidade. O Movimento Servir o Benfica disponibiliza-se, desde já, para contribuir com sugestões concretas sobre a localização dessas secções de voto, caso e quando o Benfica partilhe informação sobre onde se concentra o maior número de sócios nas referidas Regiões.
Quanto aos sócios residentes no estrangeiro — que, no último ato eleitoral, totalizaram cerca de 3.600 votantes — deve ser assegurado o voto por correspondência, tal como acontece nas eleições da República. Na eventualidade de se demonstrar a impossibilidade prática da utilização do voto por correspondência, entende o Movimento Servir o Benfica que o Clube, através da Mesa da Assembleia Geral e no exercício das suas competências, deve promover — segundo critérios de oportunidade e razoabilidade — a instalação de secções de voto no estrangeiro, junto das comunidades onde se concentra o maior número de sócios, permitindo que estes se possam deslocar e, assim, exercer o seu direito de
voto.
O Movimento Servir o Benfica gostaria de aproveitar esta ocasião para congratular publicamente o Dr. Pereira da Costa pela forma serena e colaborativa como conduziu os trabalhos preparatórios do ato eleitoral do passado dia 28 de julho, bem como pelo entusiasmo e d isponibilidade que demonstrou na organização de um processo transparente, democrático e participado.
Apelamos para que continue o seu percurso com independência face a qualquer candidatura, pautando sempre a sua ação pela defesa intransigente das regras estatutárias e pelos superiores interesses do maior clube do mundo. É essa a responsabilidade que os Estatutos e a lei lhe atribuem.
Viva o Benfica!"