Depois de uma época dura em Viseu, Vítor Bruno foi fulcral no Alverca, participando na subida à II Liga
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Com experiência na I e II ligas, Vítor Bruno desceu um patamar competitivo e assinou pelo Alverca. A O JOGO, o lateral-esquerdo de 34 anos garante que não se arrepende da decisão, até porque já cumpriu o primeiro objetivo que tinha para este desafio: subir à II Liga.
O lateral-esquerdo considera que um dos segredos para a boa época da formação do Ribatejo está fora de campo. “Este é um clube que nos dá todas as condições para ter sucesso”, garante.
O que sentiu quando o Alverca consumou a subida de divisão, no domingo passado?
-Passaram-me várias coisas pela cabeça. Pensei na minha filha e naquilo que me levou a assinar pelo Alverca, um clube que já há vários anos merecia alcançar este objetivo. A nível futebolístico, mostrei que estou vivo depois de um ano muito duro e injusto, com alguma revolta interior. Vivemos numa sociedade em que se olha muito para o Cartão de Cidadão e os jogadores a partir dos 30 já são considerados velhos. Não se fala de outras coisas, mas a verdade é que nos últimos quatro anos fiz mais de 20 assistências.
Por que razão aceitou este desafio e desceu um patamar para jogar na Liga 3?
-Tinha outras propostas e não aceitei aquela que era a mais alta. Vim para o Alverca porque falei com algumas pessoas que já tinham representado o clube, além do meu empresário, que é também meu amigo e conselheiro. Quando assinei, comprovei que este é um clube que nos dá todas as condições para ter sucesso e isso nota-se em todas as áreas. Pensa-se que o sucesso é só contratar bons jogadores para o plantel, mas vai muito além disso. Com todo o respeito por este escalão, que é muito competitivo, o Alverca não é uma equipa da Liga 3.
Natural de Vila do Conde, berço de grandes jogadores, Vítor Bruno, 34 anos, tem 100 jogos feitos na I Liga
Já se percebeu que fora de campo a estrutura teve um papel determinante. E nas quatro linhas, o que fez a diferença?
-Foram vários ingredientes. O principal foi estarmos todos alinhados com o objetivo. Foi construído um grupo forte e unido. Houve um compromisso enorme, foco. Sabíamos para onde queríamos ir, e estes fatores fazem com que tenhamos a subida já garantida.
Mesmo assim, na fase regular a equipa só garantiu a presença na etapa seguinte na última jornada. O que mudou depois?
-Reforçámo-nos muito bem no mercado de inverno e a vinda do Ricardo Dias foi muito importante, pelo que acrescenta dentro e fora de campo, tal como outros que chegaram nessa altura. O que aconteceu na fase regular era uma etapa pela qual tínhamos de passar. Havia elementos do plantel que vinham de divisões inferiores e ainda estavam a crescer. Mas sempre soubemos o caminho que queríamos e acabámos por fazer uma fase final de excelência.
“Com todo o respeito por este escalão, que é muito competitivo, o Alverca não é uma equipa da Liga 3”
Conseguida a subida, estão focados em garantir o título da Liga 3?
-Estes dias de folga foram para festejar e desfrutar, mas quando voltarmos ao trabalho já estaremos focados no próximo jogo. Esse objetivo do título já foi falado, mas a prioridade era a subida de divisão. Agora, partimos para outras metas. Além do título, queremos terminar com uma vitória em casa e temos de continuar a ser sérios, porque vamos defrontar equipas que ainda lutam por objetivos nesta prova.
Como tem sido trabalhar com João Pereira, que é um jovem de treinador de 32 anos?
-Da mesma forma como não olho para a idade dos jogadores, também faço o mesmo em relação a treinadores. Não me importa se é mais velho ou mais novo do que eu, o que interessa é a competência. É meu treinador, é alguém superior a mim e tenho de o respeitar. Vi muitas coisas boas e o míster tem um potencial tremendo, além de que me fez olhar de forma diferente para certas coisas no futebol. Já no ano passado tinha feito um trabalho de sucesso no Amora e agora está a fazer uma época de excelência. Acredito que este é o início de uma carreira que o pode levar a outras grandes conquistas no futuro.
“Nesta sociedade olha-se muito para o Cartão de Cidadão. A partir dos 30 anos, os jogadores são considerados velhos”
Vai continuar a vestir a camisola do Alverca na II Liga?
-É aquilo que queria, penso que é normal num jogador que sobe de divisão. Sou muito feliz aqui. Os meus dados estatísticos revelam rendimento e gostava de voltar a jogar na II Liga. Enquanto me sentir capaz e tiver paixão pelo jogo, quero continuar a desfrutar. Mas, para já, estou focado no que falta jogar da temporada e, depois, será tomada uma decisão juntamente com o clube.
“Questionem o que faço no campo mas não o meu brio profissional”
Vítor Bruno chegou esta época ao Alverca, depois de uma passagem atípica pelo Académico de Viseu, na qual só participou em sete jogos.
“Joguei na Taça de Portugal, fiz um golo e uma assistência e depois só voltei a jogar sete meses depois. Podem questionar o que faço dentro de campo, se efetuo um passe para a frente, para atrás ou para o lado, mas não questionem o meu brio profissional. Aliás, saí de Viseu com as pessoas a dizer que não tinham nada a apontar-me no profissionalismo”, conta o lateral-esquerdo, que redescobriu a alegria de jogar futebol no Ribatejo:
“Queria recuperar energias e voltei a ter aquela adrenalina de jogar futebol. Vim para o Alverca para ter sucesso e subir de divisão, algo que já consegui. Tenho de agradecer ao míster João Pereira por me fazer sentir novamente o prazer de jogar.”