"Merecia jogar, mas não era opção para o Pepa e houve uma altura em que perdi a vontade de lutar"
ENTREVISTA, PARTE II - Quaresma revelou a O JOGO que a dada altura da época, quando percebeu que não contava, perdeu a vontade de lutar. Extremo entende que não aproveitou ao máximo a passagem pelo Vitória e que o clube também não tirou partido do seu talento. Perante as dificuldades financeiras da SAD, decidiu sair.
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A apresentação de Quaresma no V. Guimarães, no verão de 2020, parecia um verdadeiro conto de fadas, mas as duas épocas na Cidade Berço não tiveram o êxito que o jogador esperava, sobretudo esta última, até porque deixou de fazer parte das opções de Pepa.
No final da época, Quaresma até podia ter exercido a opção que tinha para permanecer mais um ano no Vitória, mas entendeu que não devia continuar, até por consideração ao clube, tendo em conta que tinha um salário alto. Além disso, como sentia que não fazia parte dos planos de Pepa, o melhor era seguir outro caminho. Curiosamente, o treinador deixou o clube esta semana, algo que não surpreendeu o extremo.
Em entrevista a O JOGO, Quaresma fala abertamente da passagem de dois anos pela equipa vitoriana, onde, curiosamente, deixou uma excelente imagem junto dos adeptos.
Apresentado como um rei em Guimarães, sente que a passagem pelo Vitória esteve abaixo das expectativas?
-Passou-se tanta coisa no clube que é difícil explicar. Acho que não aproveitei ao máximo a minha passagem pelo Vitória e o clube também não aproveitou o meu talento. Mal cheguei ao clube, tivemos logo a pandemia e o forte do Vitória são os adeptos. Jogares sem adeptos naquele estádio é estranho. Na segunda época não fui opção do treinador em muitos jogos e, sinceramente, houve uma altura em que perdi a vontade de trabalhar e de lutar, porque sentia que não fazia parte das opções do treinador. Isso faz parte do futebol e continuei a minha vida, continuei a ser o profissional que sempre fui, mas obviamente preferia ter aproveitado muito mais a minha passagem pelo Vitória.
Mas sentia que merecia jogar?
-Claro que merecia jogar, mas isso é uma opção de cada um e eu, como jogador, tenho de respeitar. Podes não aceitar, mas tens de respeitar. Houve coisas que não compreendia e não aceitava, mas respeitei sempre as opções do treinador.
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Tinha opção para continuar no V. Guimarães, por que não ficou?
-Porque acho que não fazia sentido. Se vês o clube a passar por dificuldades [financeiras], qual era a necessidade de eu continuar, sabendo que o meu salário era alto, que ia estar a prejudicar o clube e que não era opção para o treinador? Não fazia sentido nenhum continuar no Vitória.
Mas sentia que os adeptos queriam que continuasse?
-Sentia que havia muita gente que queria que eu ficasse, mas não vou pela cabeça das pessoas, vou pela minha cabeça. Sempre foi assim.
Agora que o treinador saiu, está arrependido da decisão que tomou?
-Não. Arrependo-me daquilo que não faço, daquilo que faço não me arrependo.
Ficou surpreendido com a saída de Pepa?
-Não fiquei surpreendido, mas nunca pensei que fosse tão cedo.
Porquê?
-Por tudo o que se passou na época passada. Obviamente que não vou estar a contar o que se passava, mas esta saída foi algo que não me surpreendeu.