Marialvas com "bifanas, um churrasco e uns finos para comemorar" passagem na Taça de Portugal
A equipa do CdP bateu o Tondela, da II Liga, depois de jogar quase uma hora com menos um. Celebrou passagem à altura
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Os Marialvas, do Campeonato de Portugal, surpreenderam tudo e todos ao bater (2-1) o Tondela, da II Liga, na segunda eliminatória da Taça de Portugal, tendo jogado cerca de 50 minutos em inferioridade numérica. A equipa de Cantanhede começou a ganhar aos 26’, por intermédio de Rayan, ponta-de-lança que passou de herói a vilão num ápice, já que aos 41’ veria o cartão vermelho, e aos 44’ os beirões empataram. Com todos estes percalços, o técnico da equipa do quarto escalão, Carlos Calina, só desejava que o intervalo de apressasse para poder fazer alguns reajustes na equipa.
Carlos Calina, treinador dos Marialvas, contou a O JOGO que a vitória teve sabor ainda mais especial por ter sido na altura em que o clube celebrou 93 anos. Houve direito a festa com comida e bebida.
“Depois da expulsão e do golo sofrido foi esperar que o intervalo chegasse o mais rápido possível para reajustarmos e percebermos como é que nos poderíamos montar na segunda parte”, contou o técnico, em conversa com O JOGO.
Sobre o golo de Zé Gata, que valeu a passagem à terceira eliminatória da prova rainha, o treinador revelou que a bola parada que deu origem ao disparo decisivo só tinha passado pelo papel. “Tínhamos aquela bola parada pensada e não tão bem trabalhada, por isso mesmo achávamos que não ia dar, mas antes do jogo, em reunião da equipa técnica, entrou na discussão a exposição das bolas paradas e decidimos, ‘vamos tentar e depois se se proporcionar, quem sabe...’ nada melhor do que sê-lo daquela forma porque após o intervalo também falámos nela”, acrescentou.
“Foi uma alegria enorme e um feito histórico para o clube, porque fez 93 anos no sábado”
Carlos Calina falou também das comemorações da saborosa vitória. “Foi uma alegria enorme e um feito histórico para o clube, até porque fez 93 anos no sábado e nada melhor do que dar esta prenda aos adeptos. No final, o avô e o pai de um atleta [João Tiago], convidaram-nos para ir comer umas bifanas, um churrasco e uns finos para comemorar”, explicou.
O treinador da equipa de Cantanhede contou ainda uma história peculiar sobre os prémios de jogo. “Não houve prémio de jogo. Normalmente, temos aqui um associado, um ex-presidente do clube, que nos ajuda muito e nos vai retribuindo de vez em quando com alguns prémios, por vontade própria. Engraçado é que ele já nos ofereceu prémios no passado e não conseguimos ganhar, desta vez ele disse que tinha a ideia de oferecer, não ofereceu e a verdade é que ganhamos. Se calhar foi coincidência”, revelou Calina, técnico de 53 anos e natural de Chaves. “Sabíamos que, se soubéssemos sofrer e jogar sem bola, poderíamos surpreender o Tondela. Fomos os justos vencedores, é unânime pela equipa adversária, agora é desfrutar, aproveitar e preparar o próximo jogo”, sublinhou o treinador, convicto que o resultado foi justo.
Por fim, deixou rasgados elogios a Rayan. “Acredito piamente que é mais um do CdP que anda perdido, mas que em pouco tempo estará noutros patamares pela qualidade que tem”, rematou.
Rayan nunca sentiu alívio igual
Rayan, autor do primeiro golo da turma de Cantanhede e que viria a ser expulso momentos depois, contou a O JOGO que ganhar a uma equipa da II Liga “tem um gostinho especial” e que viveu um dia inesquecível. “Foi um mix de emoções, todos conversámos e, quando fizemos o primeiro golo, acreditámos que dava para ganhar. Quando fui expulso fiquei preocupado, mas em momento algum deixámos de acreditar”, recordou.
O avançado falou ainda de como foi ver o resto do jogo do lado de fora. “Saltava, gritava e vibrava com tudo. quando o árbitro apitou senti um alívio que nunca senti na vida”, rematou.