O antigo avançado do Benfica falou ao Jornal de Angola sobre o amor que ainda recebe do povo português, até mesmo de adeptos rivais
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Pedro Mantorras, antigo avançado angolano que representou o Alverca e o Benfica, o segundo entre 2000 e 2011, falou esta sexta-feira ao Jornal de Angola sobre o amor que ainda recebe em Portugal, que chega a ser muitas vezes até “fanático”.
“Em Angola, hoje, estão a perder aquela mania e vergonha de verem um ídolo ou uma pessoa que gostam e ignorarem. Hoje, já tiram fotos, já abraçam, já fazem perguntas. Acredito, também, que o fazem por causa das redes sociais, para postarem. Mas, em Portugal, há um fanatismo de verdade. Há pessoas doentes mesmo. Obcecadas. Eu, em Portugal, já não entro em centros comerciais. Estou há uns dez anos sem entrar no Centro Comercial Colombo, porque algumas pessoas são mesmo fanáticas. Geralmente, são muito eufóricos. Uns querem tirar fotos, abraçam, choram, pedem para fazer videochamada para o pai ver que estão comigo", começou por relatar, dizendo que nem os adeptos dos rivais lhe ficam indiferentes.
“São reflexos do que eu fiz pelo futebol, das alegrias que dei aos angolanos e aos portugueses, sobretudo aos benfiquistas. Há sportinguistas que gostam do Mantorras por causa da minha maneira de ser. Nunca ataquei ninguém, sempre me comportei como um ser humano normal como os outros. O meu melhor amigo, o senhor Maninho Kizembo, é sportinguista. De gema mesmo! Mas nunca misturamos as duas coisas”, referiu, antes de refletir sobre as suas origens humildes.
"Considero-me especial desde que saí da barriga da minha mãe. E vou dizer-lhe porquê: a minha sobrevivência no Sambizanga mostra que sou especial. Só comia uma refeição por dia, às vezes não comia nada. Das milhares de crianças que havia no Sambizanga, fui escolhido para jogar num grande clube como o Benfica. Não há como não ser especial", salientou.
De resto, o antigo dianteiro, que marcou 31 golos em 129 jogos ao serviço dos encarnados, conquistando um campeonato e uma Supertaça antes de terminar a carreira, abordou os seus hábitos e gostos gastronómicos.
"Sou uma pessoa simples, que gosta de estar com a família. Não consumo bebidas alcoólicas. Nunca gostei. Gosto de beber a gasosa Fanta, quiçângua e de comidas como batata doce, mandioca e outros quitutes da terra. Quando estou em Angola, só como estas coisas. Como de tudo um pouco. Habituei assim o meu estômago, porque não tinha o que comer quando era pobre e miserável. Então, o que aparecia para comer era o que comia. Hoje, que tenho algum dinheiro, continuo a comer de tudo um pouco. Não sou esquisito. Se for a casa de alguém e a pessoa comer com as mãos, eu também vou comer com as mãos”, concluiu.