ENTREVISTA A PINTO DA COSTA, PARTE 2 - Estrutura terá dois nomes fortes e é possível que lhes seja somado um terceiro elemento. Mudanças são claras, avisa
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Os novos nomes já eram conhecidos, mas faltava esclarecer de que forma o antigo guarda-redes podia coabitar com Luís Gonçalves, o atual diretor geral para o futebol. O passado como jogador dava a outros boas possibilidades de serem dirigentes, se quisessem.
"Meti dois indivíduos desta categoria profissional [José Américo Amorim e Paulo Mendes] e mais dois com vivência de futebol [Baía e Gomes]. Dizer que não se mexeu nada só demonstra má fé"
Apresentou agora dois vice-presidentes com intenção de proceder a algumas reformulações estratégicas. Mas eram pessoas que já estavam muito perto do FC Porto e era suposto que já tivessem algum tipo de contribuição...
-O José Américo Amorim era administrador não executivo da SAD do FC Porto. Dava a sua opinião mas sem se envolver, porque nessa ocasião também não lhe foi pedido mais. É um empresário de grande sucesso, uma pessoa em quem confio abertamente, sei as suas ideias e agora convidei-o para ser mais ativo. Pretendo que a direção seja mais ativa, vai reunir mais vezes, ter mais intervenção na própria SAD, porque quem vai gerir o futebol é a SAD. Mas esta é do FC Porto. Portanto, a direção do FC Porto dirige e representa o dono da SAD. Tem de ter também uma participação na envolvência da administração da própria SAD. Entendi que sendo o José Américo Amorim e o Paulo Mendes são uma mais valia para ajudar na reformulação administrativa do FC Porto. Quando se vem dizer, como disse José Fernando Rio, de que não se mexeu em nada... Meto dois indivíduos desta categoria profissional e social, membros com constante vivência de clubes, mais duas pessoas com vivência de futebol [Vítor Baía e Fernando Gomes]e dizer que não se mexeu em nada só demonstra má fé. Se não tivesse metido o Vítor Baía, a esta hora diziam que não metia gente nova e o Vítor Baía devia entrar e ai o Vítor Baía. Meti-o porque acredito nas ideias dele, desde sempre falo muito com ele. Sei que pode ajudar. Acho que ele e o Fernando Gomes podem melhorar muito o futebol. O Gomes vai ser o responsável número 1 da formação que pertence ao clube e não à SAD, acho que faz todo o sentido e ter uma pessoa como o Fernando Gomes é todo um estímulo para quem está na formação. Goste-se ou não, e só um imbecil não gosta, é um símbolo do FC Porto. É um símbolo de sempre. Todos se reveem naquilo que ele foi. E é também um estímulo para quem trabalha na formação. Não o veem como um indivíduo que vem para ser o chefe, mas alguém que vem para ajudar sendo responsável. Dizer que está tudo na mesma, só por má fé.
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O que espera que o Vítor Baía acrescente? Qual é o valor que pode somar?
-O que espero e quero, eu sei. Mas antes de o tornar público, tem de ser toda a equipa a saber como as coisas vão funcionar. Só depois da SAD formada. Obviamente ninguém pensa que o fui buscar para fazer obras no estádio.
Baía já foi dirigente, mas noutras funções.
-Nunca esteve como dirigente. Foi responsável. Esta será a primeira vez como dirigente.
Na altura não lhe reconhecia capacidade para uma intervenção no futebol?
-Na altura achava que não estava preparado.
Como põem Vítor Baía e Luís Gonçalves coabitar no clube em termos hierarquia?
-Só não coabitam quando ambos não estão imbuídos no mesmo espírito de amor à causa e espírito de missão ou não são inteligentes. Como ambos amam profundamente o FC Porto, dedicam-se profundamente ao FC Porto e são pessoas inteligentes, tenho certeza absoluta que no esquema que tenho idealizado as coisas vão funcionar maravilhosamente.
"O Vítor Baía tirou vários cursos. Digamos que agora é o doutoramento"
Cabe outra pessoa na estrutura do futebol? Tem-se falado de diretor desportivo
-Isso é uma questão da SAD e neste momento só estamos a falar do clube. Só tenho de me debruçar sobre a SAD se vencer as eleições. Pensar eu penso, não tenho é de revelar os meus pensamentos antes de as pessoas que eu possa convidar o saibam.
Acha que sócios fazem a separação entre SAD e clube? Não é com a SAD que estão essencialmente preocupados?
-Acho que devem estar preocupados com tudo. Passou-se a história de que clube é uma coisa e SAD é outra, mas não é assim. Clube é a base. Não se pode preocupar com SAD sem se preocupar com o clube. O que é preciso é que a direção do FC Porto esteja perfeitamente integrada com os responsáveis da SAD, sejam eles quem forem, e se sintam também responsáveis pela administração e sucesso da SAD. Se sou dono de uma empresa, tenho de estar dentro da definição de estratégias.
Fernando Gomes e Vítor Baía levam muitos anos disto, mas são os dois primeiros ex-jogadores que chama para a direção...
-Curiosamente fui colega de direção de um dos maiores jogadores da história do FC Porto, o Hernâni Ferreira da Silva, no tempo de Afonso Pinto Magalhães. Houve um ainda mais antigo, o Carlos Nunes... Fui colega de um e habituei-me a ver o outro, mas nas minhas direções creio que serão os primeiros.
"Não é possível algum sócio preocupar-se com a SAD sem se preocupar com o clube"
Mas os jogadores que passaram pelas suas mãos são provavelmente os que tiveram experiências mais ricas...
-São, mas enveredaram por outras carreiras que não lhes permite admitir essa hipótese. A maioria deles são treinadores de sucesso. Alguns podiam integrar perfeitamente a minha lista, mas sendo treinadores não estão disponíveis.
Algum dos seus ex-jogadores podia ter dado um bom dirigente?
-Muitos. O Pedro Emanuel, por exemplo, tem todas as características para ser excelente dirigente, mas optou por ser treinador. Jorge Costa também. Mas são treinadores. São opções de vida. E bem, porque têm sucesso.
Nas referencias ao Vítor Baía fica sugerida a ideia deu um processo de formação...
-Ele já tem formação. Tirou o curso em devido tempo. Falta-lhe a experiência diretiva. Quem foi atleta de alto nível como ele tem alguma experiência, porque contactou dirigentes, sabe avaliar o que esses fizeram bem ou mal, isso já é uma escola. Mas estar do lado de cá é diferente. O Vítor tirou vários cursos. Digamos, fantasiosamente, que agora é o doutoramento. Quando terminar este mandato terá outra preparação e conhecimentos do que tem hoje.