Vasily Sergeyevich Kulkov atuou ao serviço de Benfica, FC Porto e Alverca e conquistou um total de quatro troféus em Portugal. Disputou 184 jogos e marcou 18 golos ao longo da carreira
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Vasily Sergeyevich Kulkov, nascido a 11 de junho de 1966, na extinta União Soviética, foi um dos mais célebres futebolistas de nacionalidade russa, que começou a jogar em 1986, a atuar nos relvados do futebol português, pisados na última década do milénio passado.
Corria o ano de 1991 quando Kulkov aterrou em Lisboa, juntamente com o compatriota e colega de profissão Yuran, companheiro de muitos jogos. Na bagagem, o médio defensivo/centro ostentava um troféu de campeão da Liga da URSS, conquistado ao serviço do Spartak de Moscovo, em 1989.
Ingressou no Benfica, então treinador pelo sueco Sven-Goran Eriksson, e logo se assumiu como uma das principais figuras da equipa encarnada, ao participar em 30 jogos e ao marcar cinco golos.
Kulkov demorou somente uma temporada a ampliar o palmarés pessoal. Na época 1992/93, na qual disputou mais 21 jogos pelas "águias", fez o gosto ao pé por duas vezes e foi companheiro do russo Mostovoi, o antigo médio celebrou, no Estádio do Jamor, a conquista da Taça de Portugal.
Na temporada seguinte, a terceira e última de "águia" ao peito, protagonizando depois uma sonante transferência entre portas, Kulkov disputou mais 26 desafios, celebrou quatro remates certeiros, dois dos quais no jogo de passagem às meias-finais da Taça das Taças, ante o Bayer Leverkusen, e tornou-se num dos poucos jogadores russos a sagrar-se campeão nacional em Portugal.
No Verão de 1994, o país futebolístico como que parou com a bombástica notícia de que Kulkov iria percorrer 300 quilómetros em direção a norte, para representar o FC Porto, o histórico rival das "águias" que era treinado por Bobby Robson, juntamente com Yuran.
Já na cidade Invicta, o antigo médio internacional russo sagrou-se bicampeão nacional (por clubes diferentes), ajudando o FC Porto a recuperar o título perdido na época anterior e ainda festejou a conquista da Supertaça Cândido Oliveira.
De "dragão" ao peito, atuou em 27 partidas e apontou dois golos e, no Twitter, o FC Porto destaca-o mesmo como "um dos obreiros do primeiro campeonato do penta".
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No final da época dourada 1994/95, Kulkov regressara à terra natal, mas ainda haveria, já no final da carreira de futebolista, de voltar a Portugal. De 1995 a 1997, o médio tornou a representar o Spartak de Moscovo, pelo qual venceu uma liga russa, teve uma passagem intermédia pelo Millwall (Inglaterra), e ainda jogou no Zenit (1997 a 1998) e no Krylya Sovetov (1999).
Face ao anúncio da morte de Kulkov, feito este sábado, o emblema de São Petersburgo endereçou condolências à família, amigos e antigos colegas do ex-jogador (internacional pela seleção da Rússia/URSS em 42 ocasiões) e treinador russo.
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Após a ultima experiência num clube do leste europeu, Kulkov embarcou novamente rumo a Lisboa, desta feita para o Alverca, emblema ribatejano que representou em 20 jogos na época 1999/00.
Responsável pela sua vinda para Portugal, o antigo empresário de Kulkov, Paulo Barbosa, em declarações ao Diário de Notícias, reagiu "à triste notícia" da morte do antigo futebolista, traçou-lhe elogios e revelou os gestos recentes de FC Porto e Benfica.
"Ele tinha esperança [em derrotar o cancro]. Mas infelizmente não conseguiu ganhar esta batalha. (...) Foi um enorme jogador de futebol e era uma pessoa especial. Ele adorava Portugal e há cerca de um ano cumpriu um grande sonho: sei que o FC Porto e o Benfica lhe mandaram as camisolas que tinha pedido. Pela nossa ligação, é uma notícia muito triste", disse o ex-agente.
Vasily Sergeyevich Kulkov padecia de um carcinoma de células escamosas e tinha estado em tratamento de quimioterapia num hospital de Krasnogorsk, a noroeste de Moscovo.
Lutava contra o cancro há mais de um ano, não resistiu ao sucumbir, este sábado, aos 54 anos de idade, naquela que foi a maior batalha da vida.