Sem comentar silêncio de Benfica e Sporting na morte de Pinto da Costa, o candidato à presidência da Liga recorda diplomacia
Corpo do artigo
Júlio Mendes diz acreditar na palavra de Pedro Proença, que garantiu neutralidade na disputa eleitoral.
O que fará de diferente em relação a Pedro Proença?
-É difícil comparar o que se vai fazer de diferente, porque teremos uma outra realidade que terá de ser gerida de outra forma. Hoje, temos uma liga que se projeta com grande fôlego, mas temos a maioria dos clubes a viver com imensas dificuldades do ponto de vista financeiro. Tudo isto tem de ser alterado e temos uma oportunidade de o fazer.
Pensar unir o futebol foi o lema da campanha de Pedro Proença na corrida eleitoral para a FPF. Unir os clubes profissionais também será a sua principal meta?
-Não vou dizer que é preciso unir, porque acho que estão unidos. Mais importante do que tudo é sustentar-me num tripé que tem a Federação, a Liga, que são os clubes profissionais, com interesses próprios, legítimos, que têm de ser defendidos - e estou a propor-me fazer esse papel -, e o Estado português. Este tripé tem de funcionar e estar muito bem oleado. A união dos clubes sempre existiu e vai existir sempre que o interesse de todos estiver alinhado. Depois, já sabemos como é o futebol, vive-se semana a semana, e tem que ver com os adeptos, com as rivalidades, que às vezes une e outras desune. Faz parte da essência do futebol.
Benfica e Sporting não apresentaram as condolências pela morte de Pinto da Costa, que, além de presidente do FC Porto foi líder da Liga. Este silêncio institucional é um sinal de que há muito para fazer nessa ideia de união?
-Não tem a ver com a união do futebol português. A rivalidade vai existir sempre. No dia em que acabar a rivalidade, todo o futebol tem de ser repensado. Vou abster-me de comentar, mas vou recordar que quando cheguei ao Vitória tinha relações institucionais cortadas com vários clubes. A primeira coisa que fiz foi abrir as portas a todos os clubes com quem, por herança, recebi portas trancadas.
Pedro Proença garantiu que não vai imiscuir-se no processo eleitoral da Liga. Acredita que vai ser assim?
-Conheço bem Pedro Proença. Tive uma conversa com ele a seguir à Cimeira de Presidentes, após a qual ele anunciou a candidatura à Federação, e afiançou-me que não iria envolver-se na disputa eleitoral para a Liga. Apesar de ouvir uns boatos, para mim, o que vale é a palavra de Pedro Proença.
O que acha de as eleições terem sido agendadas para 11 de abril?
-As últimas eleições disputadas foram em 2015 e decorreram durante cerca de 20 dias. Teremos pouco mais de um ano para discutir, aprovar e remeter à Entidade da Concorrência o modelo de distribuição das verbas da centralização pelos clubes. O presidente da AG decidiu-se por um prazo alargado que deixa a Liga numa espécie de ponto morto durante um mês e meio. Isto pode favorecer o aparecimento de mais candidaturas, mas prejudica o futebol português.