Usou num despacho uma frase que não caiu bem entre os imigrantes daquele país asiático
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Paulo Registo, juiz nomeado para o julgamento de Rui Pinto, foi na última sexta-feira alvo indireto de uma queixa pública da comunidade chinesa em Portugal, por se ter referido à covid-19 como o "vírus chinês" num despacho judicial recente do Juízo central criminal de Lisboa.
"A Liga dos Chineses de Portugal, uma associação da comunidade chinesa e dos seus descendentes em Portugal, ficou ofendida ao ter tomado conhecimento da frase proferida por um tribunal português, ao referir-se, em despacho judicial, à covid-19 (nome oficial) como se fosse o vírus chinês, seguindo a teoria do Presidente norte-americano", lê-se numa carta enviada ao Conselho Superior de Magistratura e à Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, ontem divulgada pela Agência Lusa.
O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Yiping Chow, lamenta o uso da expressão alegando discriminação racial ou tendência xenófoba. Chow escreve que não sabe "se o termo contém o sentido de discriminação racial ou alguma tendência xenófoba e (ou) apenas o magistrado judicial se deixou influenciar pela afirmação do Presidente americano", e que a Liga quer entender "o verdadeiro sentido desta afirmação", escrita, segundo o Jornal de Notícias, por José Paulo Abrantes Registo, conhecido no meio por Paulo Registo, ou seja, o juiz nomeado para o julgamento de Rui Pinto.
A Agência Lusa divulga ainda o excerto do despacho judicial do dia 2 de abril, em que o magistrado do Juízo Central Criminal de Lisboa escreve que "devido ao surto pandémico que Portugal está a atravessar, causado pelo vírus chinês (Covid 19), não se mostra aconselhável, devido ao perigo de contágio, reunir num espaço fechado várias dezenas de pessoas, como seria o caso da leitura do acórdão".