José Mourinho, treinador do Fenerbahçe, deu uma entrevista ao Canal 11, que foi transmitida na noite desta terça-feira
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A comunicação: "Comunica-se de outra forma. Mas é muito difícil haver sucesso sem empatia. Quando me chamam grande comunicador eu digo, 'ok obrigado, mas um grande comunicador não ganha títulos e eu ganhei 26'. Tento criar empatias internas. É inegociável um jogador ser mais importante que o grupo, já me aconteceu num clube e perdi. Hoje em dia tens de ser mais flexível. No FC Porto comecei a romper alguns dogmas. Rompi alguns dogmas na vida daquele grupo, que ajudam a criar uma empatia no grupo, onde no fundo o treinador não é um 'boss', mas tem mais responsabilidade que os outros. Não gosto de ter força porque sou o chefe e tenho tantos anos disto. Não gosto nada de ter força. Gosto de sentir a força conquistada de uma maneira natural. Gosto que os jogadores falem comigo do que tiverem necessidade de falar."
A ligação com os jogadores: "Nunca digo que a equipa jogou bem sem ganhar. É impossível ter um jogo perfeito sem nenhum erro. Por filosofia e identidade, jogar bem e perder, não. Podes é ganhar sem ter jogado bem. Não consigo dizer isso internamente, mas na conferência, em defesa do grupo, podemos dizer que não é proporcional o que se produziu... Era muito difícil depois de uma derrota expressar-me muito, ao intervalo sim. Houve um jogo no FC Porto em que no intervalo foi coisa feia. Nasci assim como treinador e vou morrer assim. Já encontrei muitos jogadores do meu passado, com quem não tive a relação perfeita, e que gostam da frontalidade... Com quem eu choquei eram os melhores. Nunca fui aquele de ir esmagar o frágil, ou atacar o mexilhão. Quando ia forte ia lá em cima. E normalmente os de lá de cima, de um nível superior, não são só jogadores grandes, são homens grandes, com noção da realidade. Os que mais desfrutei foram os Drogbas e Terrys da vida, Maicons, Zanettis... para não falar dos do FC Porto."
Onde deixou impressão digital: "O meu FC Porto ficou. O Chelsea ficou na história da Premier. O Arsenal foi invencível numa época, nós em duas fomos mais que eles. Era uma equipa fantástica. Não ganhámos a Champions porque não havia tecnologia de linha de golo. O Inter ganhou tudo... A Roma deu-me um prazer incrível. Não é dizer que se fez omeletes sem ovos, seria desrespeito à malta, mas ganhar a Conference... É das coisas mais bonitas o trabalho na Roma, consegui unir o clube, os adeptos, sold out consecutivamente. Fizemos a Roma ficar deserta quando fomos a duas finais. O Fenerbahçe foi a descoberta de um mundo novo. Precisas de estar lá para perceber. Este ano vamos ver..."