Aos 25 anos, Jorge Silva é uma das principais figuras do Tirsense, sensação na Taça de Portugal. Com passagens por FC Porto, Benfica e Lázio, o central dá conta, em entrevista a O JOGO, dos sonhos e das metas coletivas e pessoais.
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Como se explica a campanha do Tirsense na Taça?
-Explica-se pela qualidade que temos a nível individual e coletivo, algo que, no campeonato, não encontra correspondência na classificação. Pelas exibições que temos feito, merecíamos resultados melhores. Na Taça as coisas têm corrido bem, o que resulta neste percurso muito interessante. E esperamos seguir em frente, ganhando ao Rebordosa.
Defrontar Sporting ou Benfica é um objetivo?
-Acho que é o objetivo de todas as equipas! [risos] Ou, pelo menos, das teoricamente mais pequenas que continuam em prova. Mas, agora, estamos focados em fazer a melhor semana de treinos possível para chegarmos a sábado e tentarmos eliminar o Rebordosa. Depois, quem sabe, pode sair uma dessas equipas no sorteio.
Como tem sido trabalhar com Luís Norton de Matos?
-Já conhecia o míster da formação do Benfica. Quando estive lá, ele era treinador da equipa B. Tem sido bom. A relação entre treinador e jogadores é muito importante. Vemos muitos treinadores fazerem carreiras pela relação que criam com os jogadores fora do campo, e eu tenho aprendido muito nesse aspeto com Norton de Matos. Pela experiência de vida que tem, só temos a aprender. Ele também foi jogador e passou pelo estrangeiro, como aconteceu comigo. Passa-nos espírito de sacrifício e muitas lições de vida. Contou-nos uma história dos tempos dele no União da Madeira, em que o presidente traçou um prazo: se, até ao Natal, não ganhassem determinado número de jogos, ele seria despedido. A equipa conseguiu esse objetivo, o que mostra que, muitas vezes, o impossível torna-se possível.
Será exagero imaginar o Tirsense no Jamor, na final da Taça de Portugal?
-Sendo um jogador ambicioso, penso nisso e tento passar essa mensagem à equipa. Tudo é possível e há casos no futebol que o comprovam. Toda a gente que continua na Taça de Portugal quer estar no Jamor, mas é no jogo com o Rebordosa que temos de pensar. Depois, o sorteio dirá quais as nossas hipóteses. Mas sou ambicioso, sinto que tenho qualidade e, a título individual, acredito que mantendo este nível vou conseguir chegar ao patamar que mereço.
Um jogador que já esteve na Lázio acrescenta o quê ao Tirsense?
-Maturidade. Apesar de só ter 25 anos, sinto que acrescento experiência, porque saí muito cedo do país. Fui para Itália com 17 anos e acumulei vivências. Passei dois anos a trabalhar com a equipa principal e isso fez com que absorvesse a cultura tática que lá existe. No Tirsense temos um grupo jovem, que tento sempre motivar. Nem sempre é fácil, porque estamos a falar de muitos miúdos que também passaram pelas formação de grandes clubes e, com todo o respeito, agora jogam no Campeonato de Portugal. Eu próprio esperava estar num patamar mais acima, mas a realidade é esta. Damos o nosso melhor para ajudar o Tirsense a alcançar os objetivos coletivos, pensando, também, em cada um de nós.
“Uma coisa é ir à Seleção via PSG, pelo Las Palmas é outra...”
Sempre atento ao rendimento do irmão, Fábio Silva, Jorge realça a chegada do avançado à Seleção num contexto que, à partida, não seria o ideal. “Uma coisa é ser chamado à Seleção quando se joga no PSG, outra é lá chegar via Las Palmas. Não é fácil e sabíamos que ele ia para uma equipa que, em teoria, luta para não descer. Seria difícil para o Fábio alcançar essa internacionalização estando lá, mas tudo correu bem e ele está feliz. Mas é importante continuar assim, porque a última imagem é a que fica”, aponta o central, três anos mais velho do que Fábio.