Jorge Andrade: "Parecia um matreco, não ia para a frente nem para trás. E o Jorge Costa a picar-me"
Excertos da entrevista de Jorge Andrade ao programa "Hora dos Craques", apresentado por Maniche e Miguel Marques Monteiro, no Porto Canal
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Aquele último jogo pelo Estrela da Amadora nas Antas: "Antes de acabar a época, já tinha assinado e fiz o último jogo nas Antas. O treinador do Estrela era o Jorge Jesus e o do FC Porto era o Fernando Santos. Ambos tinham sido meus treinadores. O Jesus meteu-me no meio, eu passava o meio-campo e o Fernando Santos dizia 'lá vens tu'...vinha para trás e o Jesus 'vamos, corre!'. Ao intervalo, saí, estava bloqueado e enervado com toda a gente. Nos cantos, por exemplo, toda a gente a chatear-me, queria mesmo sair. Parecia um matreco, não ia para a frente nem para trás, e o Jorge Costa sempre a picar-me."
Chegada à nova realidade: "Quando chego ao balneário, no primeiro dia, virei-me para o Jorge Costa e perguntei-lhe se tinha alguma coisa contra mim, ainda estava com aquela ideia...e ele disse 'não, estás à vontade aqui, a malta recebe bem toda a gente'. A partir dali as coisas desbloquearam, o Paulinho Santos era um doce. Para os mais novos, tinha sempre uma palavra de motivação e também de picardia, que faz com que estejas atento e vivo."
Um central muito peculiar: "Ricardo Carvalho não comunicava muito, era o mais difícil de se jogar. Se fosse um pintor, era o melhor do mundo, um Picasso. No que era o jogo dele, fazia tudo muito bem, rápido, tecnicamente perfeito, um grande campeão que ganhou tudo. Mas depois, no conjunto, ninguém queria jogar com ele, diziam que não respeitavam as posições e as dobras. Eu conhecia-o dos sub-20 e a forma como ele jogava. Há um FC Porto-Marítimo em que o Costinha e o Ricardo Carvalho chocaram de cabeça três vezes. Sempre que a bola vinham, os dois iam, mas o Ricardo não comunicava. Partiram a cabeça e o sobrolho um ao outro só por falta de comunicação. Às vezes nos treinos parecia que estava a dormir e tínhamos de acordá-lo [risos], mas depois no jogo era um o melhor central do mundo."
Ligação ao Porto: "Moro em Lisboa e muita gente de lá aborda-me e pergunta: 'o que é que você está aqui a fazer?' [risos]. Fiquei muito associado ao Porto."
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