Encarnados deram a volta ante o Santa Clara, mas perderam a bola por 136 vezes, o máximo na presente temporada.
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Após o desaire com o Lyon, o Benfica voltou ao campeonato com um triunfo sobre o Santa Clara, mas não ganhou para o susto.
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Conseguindo a reviravolta, o conjunto de Bruno Lage teve nos Açores o jogo com mais perdas em 2019/20. No total foram 136 - 61 nos primeiros 45" e 75 na segunda parte -, superando as 120 perdas na derrota por 2-1 com o Leipzig, na Luz, para a Champions.
E, olhando apenas ao campeonato, este registo é claramente superior ao anterior máximo, pois frente ao V. Setúbal, também em casa, as águias somaram 113. Já em termos absolutos na era Lage este é o quarto pior desempenho: na época passada, na receção ao Dínamo Zagreb, na Liga Europa, tiveram 159. Já na I Liga o máximo são as 142 com o V. Guimarães.
Risco: a perder, o Benfica fez mais erros após o intervalo: 75 contra 61 na primeira parte
Os habituais responsáveis pela construção do futebol do Benfica (Gabriel, Pizzi e Grimaldo) foram os que mais falharam, com destaque para o médio luso-brasileiro, com 21 erros (apenas mais um do que o herói da partida). Reconhecendo que o camisola 8 exagerou, até porque muitas das perdas foram com passes longos transviados, Manuel Cajuda, em declarações a O JOGO, entende que a culpa deve ser, contudo, partilhada. "Quando se falha, a melhor coisa é continuar a tentar, desistir é que é mau. Agora, ele tentou demais, devia ter parado uns minutos, ter optado por jogar curto e voltar ao rendimento normal dele", declarou, frisando que em determinadas situações "os passes errados também são culpa da pouca movimentação dos colegas".
E, neste caso, Manuel Cajuda entende que toda a equipa pecou, nomeadamente nos 45 minutos iniciais. "Temos de olhar à primeira parte, o Benfica não jogou bem, e não foi só o Gabriel, foram todos. O Benfica jogou mal", realça.
"Os passes errados também são culpa da pouca movimentação dos colegas"
Destacando o "mérito" do Santa Clara no bloqueio ao Benfica, o técnico aponta também uma questão global a nível nacional e fala de alguma "lentidão a reagir, quer nos processos defensivo como ofensivo, levando depois os futebolistas a jogarem em situações limite". E, apontando a "desinspiração" das águias, explica esse dado "por uma série de fatores". "Jogaram a meio da semana, tiveram as viagens, o Santa Clara soube montar bem a sua estratégia e, por vezes, há jogos menos bem conseguidos", declara.
Face à dificuldade recente do Benfica em vencer, Manuel Cajuda realça que "os treinadores adversários estão claramente cada vez mais identificados" com os processos da equipa de Bruno Lage. No entanto, acredita que o clube da Luz será capaz de voltar a surpreender os opositores: "O Bruno é inteligente e, tendo a noção de que os outros percebem como ele joga, é ele que vai ter de mudar. Tenho a certeza que vai resolver isso."
Maior posse no campeonato
Sentindo muitas dificuldades para derrotar a turma de João Henriques, o Benfica acabou por não conseguir explorar com a melhor eficácia a elevada posse de bola de que dispôs no encontro disputado nos Açores.
Com 68 por cento de posse de bola diante do Santa Clara, o melhor registo este ano na I Liga, o Benfica teve como seu valor mais alto os 74,87 por cento ante o Cova da Piedade, na Taça
O conjunto orientado por Bruno Lage teve 68,07 por cento de posse, naquele que é o encontro no campeonato esta época em que esse valor é mais elevado - até à 11.ª jornada o jogo com maior posse de bola tinha sido na visita ao terreno do Moreirense, com 61 por cento. Já em termos absolutos, a equipa que maior domínio sofreu em 2019/20 foi o Cova da Piedade, na Taça de Portugal, jogo que as águias tiveram 74,87% de posse.