Jogadores do plantel do Casa Pia publicaram carta aberta a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa
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"Caro Presidente, escrevemos-lhe estas palavras para lhe colocarmos algumas questões sobre o estado do futebol português e para demonstrar a nossa incredulidade por nos terem retirado seis pontos no Campeonato de Portugal, referentes a dois jogos", assim começa a carta aberta dos jogadores do Casa Pia dirigida a Fernando Gomes, presidente da FPF.
Em causa, recorde-se, o facto do clube da Série D perder um total de seis pontos na Série D do Campeonato de Portugal, como castigo devido ao treinador, Rúben Amorim, dar indicações no banco ao longo das partidas, algo que não pode fazer por ainda não ter o curso de treinador.
"Dois jogos difíceis, em que tivemos de nos aplicar ao máximo e que ganhámos com toda a justiça, dentro de campo. Dois jogos que colocam toda a época desportiva e os nossos objetivos em causa. Relembramos-lhe que somos um plantel amador e que joga futebol essencialmente pela paixão que temos pela nossa modalidade. Qual é o seu sentimento ao saber que o que está em causa é o nosso treinador estagiário, por acaso um ex-jogador profissional e internacional pelo nosso país, ter estado em pé ocasionalmente no banco durante estes dois jogos?", prosseguem os jogadores. "Não conseguimos compreender como é possível a retirada dos pontos, além de todas as sanções de que o clube vai ser alvo. 14 mil euros de multa para o clube, Presidente? Como é possível a aplicação destas multas pela instituição que mais deveria proteger os interesses do futebol português não profissional? A mesma instituição que apregoa a defesa e promoção destes mesmos clubes?", lê-se.
Na carta aberta, os jogadores questionam ainda o valor da multa, recordando as que são praticadas nos campeonatos profissionais. "14 mil euros dá , seguramente, para pagar mais de um mês de subsídios do plantel, equipa técnica e restante staff. O que acontecerá se o clube não tiver capacidade financeira até ao fim do ano? Quem toma estas decisões tem noção da magnitude deste valor relativamente ao orçamento anual do clube? Deparamo-nos, todos os fins de semanas, com situações graves com clubes da primeira e segunda ligas, que se resumem a multas de pouco mais de mil, dois mil euros. Situações que muitas vezes envolvem violência, ataques de ódio a agentes do futebol e que mancham gravemente a imagem do nosso futebol. Como justifica a aplicação destas multas a um clube que, como é natural, não tem a saúde e robustez financeira dos clubes profissionais? Como é possível a suspensão de um jovem treinador português que na prática vai ficar suspenso durante dois anos, sem provas factuais de incumprimento das leis existentes?", defendem na carta aberta.