Cláudio Silva trabalhou com o guarda-redes na Feira e na formação do FC Porto, e diz que nos penáltis tem instinto. Depois de três temporadas no Feirense, o central rumou ao estrangeiro, para o Politechnica Iasi (Roménia). Partilhou balneário com o guardião e vê-lhe qualidades para vingar noutro patamar.
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A par de Leandro Antunes, João Costa foi outro dos responsáveis pelo regresso do Feirense às vitórias, dois meses depois, na receção ao Marítimo (1-0). Se o extremo fez o único golo da partida, o guarda-redes segurou o triunfo nos minutos finais ao defender um penálti batido por Euller.
Cláudio Silva, que conheceu o “Andorinha” na formação do FC Porto e voltou a reencontrá-lo em Santa Maria da Feira, na época passada, diz que se trata de um “guarda-redes com bastantes qualidades, a começar pela mensagem que transmite à equipa”. O central aponta que João Costa “dá confiança à linha defensiva, algo muito importante” num jogo. “As exibições que tem feito falam por ele”, avaliou sobre o guardião que em seis jogos da II Liga manteve a baliza a zeros, ajudando a equipa a cimentar-se como segunda melhor defesa do campeonato, com nove golos sofridos, só superada pelo Vizela (oito). “É muito seguro dentro dos postes e tem um extra que é o jogo de pés, em que é muito tranquilo”, descreve, salientando que “o mais importante é dentro da baliza, onde é o chamado gato”: “É muito bom, ágil, foi dos melhores guarda-redes com quem joguei.”
Falando dos penáltis, Cláudio Silva conta a O JOGO que o guardião do Feirense “estuda bastante os batedores adversários”, realçando-lhe “o instinto, algo que que não se estuda e que o João segue muito”. A prova disso, afirma “são os penáltis que foi defendendo ao longo da carreira”. O antigo capitão dos fogaceiros também vê no guarda-redes uma enorme capacidade de liderança “pela sua experiência”, lembrando que “fez parte de plantéis do FC Porto e chegou à equipa A, que é o sonho de qualquer jovem jogador da formação, frequentou as seleções nacionais jovens e teve vivências em Espanha”. Mesmo que não envergue a braçadeira de capitão, “é um líder e um exemplo”.
Na época passada, o guardião, de 28 anos, fez apenas 14 jogos devido a uma grave lesão, mas voltou a tempo de ser decisivo. “Muitos perspetivavam que tinha acabado a época, mas, em conversa, o João disse que ainda ia voltar para ajudar o Feirense. Isso viu-se no play-off, em que foi importante para nos safar na luta pela permanência. E, mesmo estando fora, deu sempre palavras de conforto e confiança. Isso mostra o caráter dele. Acredito que tem condições para jogar numa I Liga, em Portugal ou no estrangeiro. Se mantiver este registo, de certeza que dará o salto”, vinca.
“Na Roménia somos valorizados”
Depois de três temporadas no Feirense, Cláudio Silva abraçou a primeira experiência no estrangeiro para representar o Politechnica Iasi, clube da I Liga da Roménia. “O que me levou a sair foi um novo desafio, senti que precisava de algo mais. Quis sair da minha zona de conforto e este projeto enquadrou-se perfeitamente nisso. No início foi um pouco difícil, pois sempre estive no meu país, na minha cidade, e quando saímos de casa é tudo mais complicado, mas depois de algumas semanas de adaptação, está tudo a correr bem”, contou o central, comentando as diferenças que sente em relação a Portugal. “A diferença que mais sinto é a valorização do jogador. No nosso país olha-se mais para o estrangeiro e não tanto para o português, que é de muita qualidade. O que temos é do melhor que há, a nossa Seleção Nacional fala por si. Na Roménia noto que somos mais valorizados, e há muitos portugueses aqui”, sublinhou.
A terminar, Cláudio deixou “um abraço ao míster Vítor Martins e a todos os feirenses”, mostrando-se confiante que a equipa “terá uma época mais tranquila do que a anterior”. “Conheço muitos jogadores que estão lá e a equipa reforçou-se bem”, elogiou.