Governo bloqueia público nos estádios na penúltima jornada: clubes estão indignados
Clubes que disputam fora a última jornada e que ainda estão envolvidos em lutas (Europa e permanência) ficaram indignados com a decisão governamental, manifestando desagrado junto da Liga.
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O tão desejado regresso do público às bancadas, formalmente autorizado apenas para a última jornada, desencadeou uma onda de indignação junto dos clubes, sobretudo dos que se despedem do campeonato fora de casa, por entenderem que a medida promove uma desigualdade passível de interferir no desfecho das frentes ainda em aberto.
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Segundo apurou O JOGO, pelo menos alguns desses clubes manifestaram na quinta-feira o desagrado junto da Liga, alertando para a injustiça da medida, mas terão recebido, então, a garantia de que estava ainda a ser tentada junto da tutela e da Direção Geral da Saúde (DGS) uma autorização suplementar para que também a penúltima jornada fosse aberta ao público. Essa esperança de última hora, já que a 33.ª ronda arranca esta sexta-feira, ainda que fosse logisticamente viável, porque os clubes conservam os planos de contingência traçados há muito, acabou por ser chumbada pelas autoridades. O JOGO questionou a DGS a propósito este derradeiro esforço, mas não obteve resposta.
A dúvida sobre se haveria adeptos já nesta jornada conseguiu, pelo menos, travar, ou adiar por umas horas, a reação formal de alguns dos clubes indignados. Acabou também por deixar Paços de Ferreira e Braga, que jogam esta sexta-feira em casa, de prevenção e num labirinto de dúvidas, que entretanto se desfizeram com a informação de que teria havido nega governamental à ideia. Aliás, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, esclareceu ontem que a autorização dada para a 34.ª jornada não significa um regresso definitivo do público aos estádios. "O que vai acontecer na última jornada é um evento teste", explicou, descartando inserir, pelo menos para já, a final da Taça de Portugal entre os eventos autorizados a ter público. Depois da Taça, nos dias 25 e 30 deste mês, há os jogos do play-off entre o 16.º classificado da Liga NOS e o terceiro da Liga SABSEG, ainda presumivelmente fora da autorização excecional do Governo.
Regresso do público limitado a 10 por cento da lotação e só na 34.ª jornada. A final da Taça, até ver, não está contemplada
Mesmo assim, este não deixa de ser um passo à frente inesperado, porque, a 15 de abril, o primeiro-ministro, António Costa, fora taxativo a negar a hipótese de haver público esta temporada: "É evidente que antes da próxima época seguramente não haverá adeptos nos estádios. É uma questão que está resolvida e clara". Afinal, não estava.
Essa resposta de António Costa foi, de resto, um golpe duro na luta da Liga e dos clubes pelo regresso dos adeptos. Face ao alívio das restrições de combate à pandemia, em meados de abril e depois no início deste mês, a Liga contava ter público nas bancadas pelo menos nas duas últimas jornadas, mas foi perdendo sucessivas batalhas dessa guerra com o Governo. A autorização inesperada para a última ronda, que os clubes contactados ontem por O JOGO interpretam como solução governamental de emergência para justificar a final da Champions no Porto com adeptos, deixou, por tabela, a Liga com um embaraço evidente nas mãos: a justiça virou-se contra o justiceiro, porque a fórmula prevista configura uma efetiva desigualdade, por mais subjetiva que possa ser a discussão sobre os benefícios de ter apoio (ou pressão...) nas bancadas.