Trio da formação do Benfica precisa de tempo: "Não estão preparados para a equipa A"
Chamado habitualmente por Jorge Jesus aos treinos, o trio está bem "mapeado" pela estrutura da formação. Para evitar casos de "derrapagem" na afirmação, há quem recomende mais minutos de equipa B
Corpo do artigo
Depois de uma época de grande investimento e, até agora, sem resultados desportivos compatíveis com o mesmo, Luís Filipe Vieira já espera ver mais talentos saídos do Seixal na equipa principal em 2021/22.
No topo da lista de jovens "projetáveis" para o patamar superior, na visão da estrutura encarnada, estão o central Tomás Araújo, o médio Paulo Bernardo e o avançado Henrique Araújo
No topo da lista de jovens "projetáveis" para o patamar superior, na visão da estrutura encarnada, estão o central Tomás Araújo, o médio Paulo Bernardo e o avançado Henrique Araújo, trio que tem tido presença habitual nos trabalhos com Jorge Jesus. Com a atual paragem competitiva para os jogos das seleções, o defesa e o atacante "reforçaram" o grupo principal, sendo que apenas o médio ficou de fora por estar lesionado.
Apesar da grande confiança que há no talento deste trio, dentro da SAD há quem ache que, antes de serem lançados às feras, estes jovens precisam ter mais minutos nas pernas para se evitar casos como os de Tomás Tavares, Florentino e Gedson, todos apostas nos seniores que ainda não vingaram. Em causa, está a necessidade de colocar algum travão nas expectativas gerais.
"Há outra fornada que tem de vir cá para cima", afirmou Luís Filipe Vieira na recente entrevista a 28 de fevereiro à BTV. O JOGO falou com Renato Paiva, que passou década e meia na formação do Benfica e conhece bem o valor dos talentos emergentes no Seixal, para a evolução dos quais contribuiu muito anos. Também ele vê muito talento mas concorda que há que dar tempo ao tempo a Tomás Araújo, Paulo Bernardo e Henrique Araújo.
"Têm grande qualidade e futuro mas, se me perguntarem se já estão preparados para a equipa A, a resposta é não. Falta-lhes pelo menos uma época inteira a jogar noventa minutos numa equipa B ou numa segunda liga. Todos os jogadores que não sejam génios, e por isso excluo João Félix e Bernardo Silva, precisam de pelo menos uma temporada assim. Basta ver quantos jogos fizeram Rúben Dias, Lindelof, Gonçalo Guedes ou Renato Sanches pela equipa B antes de passarem para os AA", realça o agora técnico do Independiente del Valle, do Equador.
Do trio, Paulo Bernardo leva avanço, ele que tem 19 anos, alinhou 1280" nas equipas jovens e até já foi chamado por Jesus para as visitas ao Rangers e ao Paredes. "Poderá vir, no final desta época, a estar mais preparado", afirma Paiva que vê no médio "o próximo grande projeto de jogador da formação do Benfica": "O Paulo é um médio super completo e, já durante a época, desafiei-o a marcar mais golos para se poder tornar num médio de topo e ele desatou a marcar. Pode ser um "8" pela capacidade de trabalho e intensidade mas, também um "10", pela técnica, decisão e finalização."
Já Tomás Araújo, "é muito completo" e os 27 jogos na II Liga, aos 18 anos, mostram ser aposta clara no Seixal. "As expectativas que ele me gerou quando o treinei são as mesmas que o Rúben Dias gerara", diz Paiva. Mas acrescenta: "Precisará de mais tempo pois os jovens de Benfica, FC Porto ou Sporting não sabem defender, passam toda a formação sem precisar de o fazer. Por isso, acho que Tomás Tavares e Nuno Tavares deveriam ter tido mais minutos na equipa B ou serem emprestados."
Quanto a Henrique Araújo, de 19 anos e que tem 16 golos em 28 jogos entre bês e sub-23, também possui "muito potencial" e "um perspicácia e movimentação na área, que o fazem sobressair", sendo o maior candidato ofensivo a subir em breve.
Três extremos para dar largura
O extremo Tiago Araújo, de 20 anos, foi lançado esta época na equipa principal mas apenas esteve num jogo, fazendo 21 minutos frente ao Paredes, na Taça de Portugal. À espreita nos bês estão mais dois alas que podem, no médio prazo, dar o salto. "Úmaro Embaló e Tiago Gouveia são muito verticais e fazem da velocidade e da simplicidade de processos as suas armas fortes. O Tiago Araújo também é igual, são todos jogadores de largura, de corredor lateral e não de jogo interior", explica Renato Paiva.
Florentino e Gedson "a tempo"
Luís Filipe Vieira já assegurou que Florentino (na foto) e Gedson regressam no final da época após os respetivos empréstimos e que vão contar para a próxima época. O primeiro tem oito jogos no Mónaco, o segundo dez, entre Tottenham e Galatasaray, algo curto, diz Paiva. "Têm mais experiência internacional, trabalharam com grandes jogadores e treinadores, crescendo em treino. Mas faltou-lhes o contexto ótimo, que era também terem competido mais. São jovens e vão sempre a tempo mas é preciso ver qual o contexto em que estarão inseridos quando voltarem."