Apesar do curso, o médio do Penafiel, de 28 anos, garantiu estar totalmente focado nos relvados, embora considere importante ter um plano B para quando arrumar as chuteiras.
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Esta época, e depois de uma experiência agridoce no Marítimo, Filipe Cardoso mudou-se para o Penafiel. A O JOGO conta como conseguiu formar-se em Medicina sem tirar os pés da bola. O futuro, para já, está no futebol.
Um jogador formado em Medicina não é comum. Estudar e jogar em simultâneo, como é que houve tempo para tudo?
- O segredo foi a disciplina. Houve tempo para quase tudo, não houve tempo, se calhar, para tanto lazer como as outras pessoas têm, mas foi uma escolha minha, porque queria, realmente, ter um plano B no futuro. O futebol era a minha paixão; queria mesmo continuar a jogar e, por isso, sabia que tinha de me sacrificar um bocadinho.
No período em que estudava e jogava, como era a rotina?
- Acordava praticamente todos os dias às 6h30 para ir para a faculdade; tentava ir mais cedo. E, ainda antes de as aulas começarem, já estudava um bocadinho. De tarde, se não tivesse aulas, tentava estudar mais um pouco, e depois, por volta das 17 horas, ia para o treino. A seguir, procurava descansar e deitar-me cedo.
Entrar em Medicina foi sempre a primeira opção?
- Sinceramente, não sabia bem o que queria quando andava na escola, mas sabia que queria estudar, porque os meus pais sempre me incutiram a importância de um curso para ter um futuro mais seguro. Na altura, até pensei em Medicina mais pela parte da ortopedia, por estar ligado ao desporto, mas, depois, gostei mais de reabilitação.
Quando arrumar as chuteiras, já tem caminho definido na Medicina?
- Ainda não sei como vai ser; sei que é algo seguro que tenho ali e que, se precisar, posso trabalhar nisso. Para já, o foco é o futebol. Depois, sei que tenho ali um plano B, e se puder ficar ligado à parte desportiva, melhor ainda.
Direcionando para a parte desportiva, como é que começou esta paixão pelo futebol?
- É uma paixão antiga. Como tenho um irmão gémeo, jogava muitas vezes com ele em casa, a chutar contra as paredes, os meus pais não gostavam muito... [risos].
Partilhou balneário com o seu irmão?
- Sim, ele jogou sempre comigo, fizemos a formação juntos, e só no futebol sénior é que nos separámos.
Além da formação do Boavista, também passou pelo Coimbrões, onde se estreou como sénior. Como foi essa passagem?
- No último ano de formação, o Boavista dispensou-me, a mim e ao meu irmão, e acabámos por regressar à base. Regressei mais na tentativa de entrar no futebol sénior. Felizmente, as coisas correram bem.
Seguiram-se Covilhã, Marítimo, Ac. Viseu e, agora, o Penafiel. Como tem sido esta experiência?
- Já era um interesse antigo e, felizmente, está tudo a correr bem. Embora, coletivamente, os resultados estejam um bocadinho aquém das exibições que temos feito, e é pena. Parece que a nossa baliza tem íman, os adversários vão lá uma vez e marcam; nós, criamos oportunidades, e não estamos a conseguir marcar. Mas são fases, a equipa está a crescer, está cada vez melhor, estamos cada vez mais entrosados e adaptados às ideias do treinador. Temos um bom grupo e vamos lutar pelos lugares cimeiros.
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