Dragões procuram cortar com a tradição de derrotas na casa do Anderlecht, quando atravessa o momento mais conturbado da temporada
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O FC Porto terá de acionar rapidamente o modo predador se quiser avançar diretamente para os oitavos de final da Liga Europa, no rescaldo de uma eliminação da Taça de Portugal que aumentou o tom da contestação a Vítor Bruno e à equipa. Com metade do percurso na fase regular da prova da UEFA cumprido, os dragões têm apenas quatro pontos conquistados, quando as várias simulações realizadas antes do arranque do novo modelo da competição apontavam para a necessidade de se atingir a fasquia dos 15 para evitar um sempre incerto play-off. Com 12 por disputar, os azuis e brancos ainda podem alcançar essa marca, mas não podem voltar a perder nas quatro jornadas que restam até se cortar a meta nesta etapa da prova. Ou seja, terão de começar por fazer esta quinta-feira o que nunca fizeram ao longo da história: sair da casa do Anderlecht sem perder.
Belgas venceram os quatro duelos em casa com os dragões... sem sofrer golos. Simulações antes da prova apontavam os 15 pontos como meta para “fugir” ao play-off e os portistas têm quatro. Há 12 em disputa.
No levantamento realizado por O JOGO às saídas do FC Porto nas competições europeias, a deslocação à casa do clube mais titulado da Bélgica surge destacadamente como a pior fora dos denominados “Big 5”, tendo em conta o número de encontros disputados entre ambos. A análise inclui apenas as equipas com as quais os portistas realizaram, pelo menos, dois desafios na condição de visitantes, e não deixa de ser curioso perceber que no passado os azuis e brancos já esboçaram mais sorrisos no Santiago Bernabéu (Real Madrid), em Anfield (Liverpool) e em Camp Nou (Barcelona) do que no Constant Vanden Stock, entretanto rebatizado Lotto Park por razões comerciais. Apenas os escoceses do Rangers rivalizam com os belgas na percentagem de vitórias contra os dragões, embora num patamar ligeiramente inferior. Incluído os adversários das cinco principais ligas europeias, o Arsenal perfila-se como o outro “carrasco” dos portugueses.
A história assustadora no recinto do Anderlecht tem quatro capítulos. O primeiro foi escrito na época de 1977/78. O FC Porto deslocou-se Bruxelas para defender uma vantagem magra (1-0) conquistada na primeira mão dos quartos de final da Taça da Taças, graças a um golo de Fernando Gomes, e acabou derrotado por 3-0 na caminhada triunfal do Sporting local até à conquista da prova. Foram os anos dourados dos belgas, na altura orientados pelo mítico Raymond Goethals, que em 1982/83 haveriam de alcançar novo triunfo robusto contra os azuis e brancos. Desta vez foi por 4-0, na segunda ronda de uma edição da Taça UEFA que acabariam também por arrecadar, superiorizando-se, na final, ao Benfica. Mais tarde, em 1993/94, o duelo foi da Liga dos Campeões e, não obstante a ligeireza dos números (1-0), o desfecho foi o mesmo para os portistas: novo desaire. Nem a viragem de milénio alterou esta tendência. Em 2000, na luta pela entrada na terceira pré-eliminatória da Champions, coube ao “gigante” Jan Koller fazer a diferença na primeira mão, antes de o Anderlecht arrancar um empate a 0-0 nas Antas para confirmar a entrada na fase de grupos da competição milionária. A urgência do momento, porém, aconselha os dragões a matarem de vez este borrego.