Tanto o FC Porto como o V. Guimarães criam muitas e boas ocasiões para marcar, mas são os que mais desperdiçam.
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O FC Porto cria muitas e boas oportunidades para marcar, mas essa produção não é traduzida nos golos que a equipa marca. É tudo uma questão de eficácia, porque os índices atacantes mostram que estes são os melhores desde que Sérgio Conceição chegou ao banco do Dragão, em 2017.
O FC Porto faz em média 16,33 remates por jogo. O problema é que a eficácia não tem sido a melhor
Comparando, na plataforma de análise wyscout.com, os números apresentados pelo FC Porto na presente temporada com os restantes quatro clubes portugueses envolvidos nas competições europeias ou até com o líder do campeonato, o Famalicão, só mesmo o V. Guimarães tem números inferiores na relação entre a média de golos marcados e esperados por jogo (ver quadro e explicação). Tanto os dragões como a equipa treinada por Ivo Vieira produzem o suficiente para marcar dois golos por cada 90 minutos, mas desperdiçam muitas dessas oportunidades. Os portistas, por exemplo, conseguem 1,8 golos por jogo, uma média ligeiramente superior à da equipa minhota (1,7 golos por jogo).
Ao contrário do FC Porto e do V. Guimarães, o Famalicão e o Benfica são as duas equipas nacionais que precisam de criar menos oportunidades para marcar. O Sporting, por sua vez, é a equipa que produz menos no ataque, mas também é aquela que menos golos marca em todas as provas.
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Se alargarmos a análise às competições europeias, reconfirmamos que o FC Porto cria situações claras de golo, mas falha em termos de eficácia. Tem sido essa a tendência na presente temporada e isso ficou mais uma vez confirmado no último jogo, em Roterdão, com o Feyenoord. Os dragões criaram imensas ocasiões para bater o guarda-redes holandês, efetuaram imensos remates e não marcaram um único golo. Também é verdade que alguns desses tiros bateram nos ferros. Otávio e Soares enviaram a bola ao poste, Luis Díaz viu o remate ser devolvido pela trave. Os portistas podem queixar-se da falta de sorte, mas esse item não entra nas estatísticas.
Na lista de jogos dos portistas com mais remates estão os duelos com o Krasnodar, no Dragão, que atirou a equipa para a Liga Europa, e com o Feyenoord, que baralhou as contas do grupo G
A eficácia tem ficado aquém das expectativas e isso já tramou os dragões nos jogos europeus na presente temporada, a começar pelo play-off de acesso à Liga dos Campeões. O jogo com o Krasnodar, a contar para a segunda mão, no Dragão, até foi aquele que registou mais remates do FC Porto esta época. Foram 25 no total e "só" dois golos marcados, insuficientes para dar a volta à eliminatória, empurrando a equipa portuguesa para a Liga Europa. Nesta prova, com o Feyenoord, os comandados de Sérgio Conceição efetuaram 20 remates, mas não marcaram qualquer golo. Uma derrota que baralhou as contas do grupo G, mesmo sem comprometer o apuramento para os oitavos.
Na era de Sérgio Conceição no FC Porto, esta é a época menos produtiva, com uma média de 1,83 golos por jogo
Em suma, e analisando os números de todos os jogos realizados pelo FC Porto esta época, na I Liga, Liga dos Campeões, Liga Europa e Taça da Liga, conclui-se que os dragões até têm uma produção ofensiva assinalável e isso reflete-se, inclusive, nos golos esperados, ou seja, oportunidades claras criadas. Além disso, das três épocas sob o comando de Conceição, esta é a que apresenta mais remates e mais remates à baliza. O problema, lá está, é a eficácia, e neste aspeto o FC Porto baixou muito a média de golos, apresentando 1,83 golos por jogo, enquanto em 2018/19 somava 2,14. Na primeira época do técnico portista, em 2017/18, os números eram ainda melhores, com 2,24 golos por jogo.
Zé Luís é o mais eficaz
Melhor marcador do FC Porto, com sete golos, Zé Luís tem uma média de 2,91 remates por jogo. De todos os avançados, é aquele que mostra maior eficácia, superando largamente os números de Marega, com quatro golos e uma média de 2,5 remates. Já Soares leva dois golos e faz 3,09 remates por partida. Fábio Silva e Aboubakar ainda não marcaram.
As últimas três épocas em todas as competições
Os dados que o portal "Wyscout" fornece no parâmetro golos esperados, e que constam desta infografia, são calculados com base no grau de probabilidade de um determinado remate acabar dentro da baliza. Para isso são levados em conta o local do disparo, a proximidade da defesa ou a parte do corpo com que é feito. Com o Feyenoord, o site considera que o remate de Soares (90") ao poste foi aquele que mais hipóteses tinha de entrar na baliza.