"FC Porto, Benfica e Sporting podem ser favoritos, só que é importante o que se joga..."
Matilde Calado, uma das diversas caras novas do Braga, deu uma animada entrevista a O JOGO, revelando grande confiança no grupo que se está a formar na cidade minhota
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Matilde Calado, líbero de 24 anos, é uma das muitas caras novas do plantel do Braga para a temporada que por estes dias se inicia. Uma mini revolução, que também incluiu a liderança técnica, este ano responsabilidade de João Santos, vindo do Viana. “Temos conseguido criar um grupo muito homogéneo, em que todas as atletas estão a trabalhar para o mesmo. Estamos a construir uma verdadeira equipa e a evoluir para termos um grupo unido, sejam atletas, seja equipa técnica. E tem sido muito esse o trabalho diário”, constatou Matilde, atleta que transitou para Braga do PV Efanor.
Com um discurso fluído e eloquente, a líbero de 24 anos, que tem sido escolha de Hugo Silva para a Seleção Nacional, mostra-se bastante ambiciosa, mas sugere que a equipa tenha os pés bem assentes no chão.
“A primeira coisa que me vem à cabeça é ambição. Muita ambição. É uma característica que o próprio clube transmite e olho para este projeto com muita alegria, muita felicidade e com muita vontade de trabalhar e evoluir diariamente”, referiu a líbero, numa conversa animada com O JOGO. De resto, rapidamente se fez a analogia entre as características de Matilde, cheia de garra, lutando e voando para cada bola como se fosse a última, e a forma como os atletas do clube são conhecidos. “Guerreira do Minho? Sim, assenta muito bem. Eu acho que é uma das minhas características, trabalho diariamente para ser assim e, agora neste clube, conhecido pelos Guerreiros do Minho, cada vez mais vou e vamos trabalhar para isso, demonstrar sempre isso em campo. Gosto, de facto gosto muito desse lema”, respondeu a internacional A portuguesa.
“Acredito que o Braga é sinónimo de finais, de competir por títulos”
Relativamente às ambições da equipa no Campeonato Nacional, a atleta, natural de Aveiro, não se encolheu quando O JOGO lhe fez a comparação com a ida do PV Efanor à final do play-off na época passada. “Acredito que podemos ir à final, acredito sim. Muita gente acha que o PV Efanor foi à final de forma surpreendente, mas eu acredito que isso pode acontecer aqui”, atirou. “Há, porém, que ir por etapas. O campeonato vai ser bastante equilibrado, e, sem perder a ambição, temos de ter os pés bem assentes na terra. Primeiro, temos que garantir a entrada nas oito primeiras classificadas, que depois vão discutir os lugares de cima, o acesso às meias-finais e final. Mas acredito que o Braga é sinónimo de finais, de competir por títulos”, sustentou a número 4 braguista.
“Para ser sincera, ainda não tive a oportunidade de analisar bem”, admitiu, relativamente aos candidatos ao título. “Claro que FC Porto, Benfica e Sporting são clubes que investiram bastante, naturalmente também já tinham investido nos últimos anos. Podemos dar-lhes a condição de favoritos por esse investimento, só que depois também é importante como e o que se joga, o que as equipas produzem jornada a jornada”, comentou Matilde, numa análise própria de alguém já com grande maturidade.
“O voleibol é a minha vida, a prioridade”
Matilde Calado é fisioterapeuta, mas tem no voleibol a profissão. “No ano passado ainda trabalhei, ainda exerci, mas estava no clube [PV Efanor] como profissional, fazia treinos bidiários, tudo direitinho”, contou.
“Agora a dedicação é total, foco completo no voleibol, é a minha profissão, a minha vida, a prioridade”, revelou, admitindo vir a ter “uma experiência no estrangeiro”. “Mas agora só tenho o Braga na cabeça e é aqui que quero crescer”, enfatizou.
“Foi amor à primeira vista”
“Sempre gostei de praticar desporto, desde muito pequena, vários tipos de desporto, dança, futebol, ténis, natação...”, entusiasmou-se Matilde, que tem um forte elo familiar com Hugo Ribeiro, que, aos 46 anos, deixou de jogar, mas também era líbero e é padrasto da atleta do Braga. “Pode escrever que é meu pai, é assim que o vejo”, disse de imediato. Sendo assim, como é a relação dos dois enquanto jogadores da mesma modalidade. “Antes sequer de entrar para o vólei já acompanhava os jogos, já ia aos treinos do meu pai, adorava ir para lá apanhar bolas”, recuou.
“Tendo sempre o voleibol presente, por que não experimentar? E aí foi quase um amor à primeira vista. Nunca mais saí desde a primeira vez que fui treinar”, continuou, para, então, explicar: “Às vezes, depois de uma derrota, tenho de esperar ali uns 10/20 minutos para absorver o jogo, mas vou sempre falar com ele, quero a análise dele”. “Ele vê sempre os meus jogos e eu vejo os dele, nem que tenhamos de puxar a box atrás”, sublinhou a líbero que “até aos 18/19 anos era Zona 4” .
“Cresci a ver a Joana Resende na seleção”
Chamada com regularidade por Hugo Silva à Seleção Nacional - venceu a European Silver League - a líbero soma já 31 internacionalizações. “Eu cresci a ver a Joana [Resende] liderar a posição, a conquistar títulos, a jogar inúmeros anos na Seleção, sempre presente. Claro que é uma jogadora para quem olho como um exemplo”, afirmou Matilde Calado. Porém, tem sido a braguista a aposta do selecionador.
“Apesar de discutirmos o lugar, o que queremos é que Portugal atinja os objetivos e não nos podemos esquecer disso”, considerou. “Titular? Vou tentar acompanhar a Joana, sei que tenho muito a crescer, mas vou lutar por isso. Depois as opções são do treinador”, finalizou.