Há cinco anos afastado dos bancos do futebol português, Carlos Carvalhal recorda a sua passagem por Alvalade e fala do momento atual, considerando que o fosso entre os três grandes e os outros é cada vez maior
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Após deixar o Sporting, onde esteve pouco mais de meio ano, Carlos Carvalhal, agora no Sheffield Wednesday, não voltou a treinar no futebol português. Mas continua atento ao que cá se passa, conforme se percebe na entrevista a O JOGO.
O Sporting tem sido uma pedra no sapato para alguns treinadores e foi o seu último clube em Portugal. Uma simples coincidência?
"No futebol não há coincidências. O Sporting viveu um período de grande instabilidade diretiva e financeira e, infelizmente, apanhei o clube nessa situação, em que grassava um descrédito enorme na equipa e nos adeptos. Tive enorme prazer em lá estar e o que fizemos foi bem feito. Ainda hoje sinto esse carinho, que é recíproco, ou seja, reconhecem o que foi feito, embora num período mau e conturbado. Agora, há mais equilíbrio e estabilidade, mas só o futuro dirá se vai voltar já à primeiríssima linha."
Acha que a próxima liga aqueceu antes do tempo?
"Diria que o campeonato está mais apimentado. O Marco Silva fez um excelente trabalho mas os responsáveis, com legitimidade para isso, optaram pela mudança. O Jesus veio dar muita energia e criar bastante expectativa, veremos se na prática tudo se confirma. Trata-se de um grande treinador, sem dúvida. No Benfica, o Rui Vitória também é um grande treinador, mas a mudança foi pronunciada e vamos ver se o clube consegue repetir o que fez nos dois últimos anos. O FC Porto manteve o treinador com a ambição de ter mais sucesso do que na época passada. Isto promete."
Os mesmos candidatos?
"Não foge à linha anterior. Aliás, o fosso está mais cavado e será mais latente se não houver outro modelo competitivo e mecanismos de maior equilíbrio. Mas isso é uma história já antiga."
Ou seja, não há milagres...
"Há, há. Os treinadores, dirigentes, scouts e agentes fazem milagres, conseguindo resultados com tão pouco dinheiro. Lá fora, quando falo nos orçamentos dos nossos clubes, perguntam-me se são para a formação...".