Explorar as laterais e a meia distância: a receita para o Braga vencer o St. Gilloise
O "bloco baixo" do Saint-Gilloise, sempre muito compacto, será um duro teste à capacidade ofensiva do Braga. A solução, segundo Leandro Morais, passará pelos corredores e pela meia distância.
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De volta amanhã à Liga Europa, o Braga terá de se preparar para um desgastante jogo de paciência. Quarto classificado na liga belga e a partilhar a liderança do Grupo D com os minhotos, o Union St. Gilloise assenta o seu futebol em estruturas defensivas bem fechadas e fá-lo normalmente com cinco jogadores agressivos no desarme, abordando a baliza adversária preferencialmente através de "bolas longas" para avançados de grande compleição física.
Leandro Morais, ex-adjunto do Mouscron, diz que o adversário belga dos minhotos tem como ponto frágil a lentidão dos centrais
Leandro Morais, treinador-adjunto do Mouscron em 2020/21 (fazia parte da equipa técnica liderada por Jorge Simão e agora espera por um projeto para se lançar como técnico principal),diz que o adversário dos minhotos mantém essa matriz de jogo desde que saltou, há um ano, da segunda divisão para a principal liga da Bélgica, mas nem sempre termina os jogos de forma confortável.
"Se tiver de jogar no campo todo e arriscar para reagir a um golo sofrido, revela normalmente dificuldades. Tem centrais muito lentos que só funcionam bem em bloco baixo. Demoram a recuperar", explicou.
Chegar primeiro à vantagem será, para o Braga, meio caminho andado na direção do êxito e o técnico português indica dois atalhos plausíveis: "Como será difícil entrar pela faixa central, o Braga deve fazer com que os seus laterais alarguem o jogo; por outro lado, será necessário recorrer mais vezes à meia distância. O André Horta, o Ricardo Horta e o Iuri Medeiros, entre outros jogadores, têm essa capacidade".
Por entre alertas de que o Saint-Gilloise tem vários jogadores "fortes" no jogo aéreo, merecendo especial atenção o inglês Christian Burgess (um central de 1,96 metros), Leandro Morais considera, no entanto, que o Braga está num plano superior.
"Em termos individuais e até coletivos, é uma equipa mais forte. Acredito que o Braga sentirá mais dificuldades na Bélgica: em casa, com o apoio dos adeptos, o Saint-Gilloise nunca se vai abaixo", assinalou Morais, recordando que há duas épocas o Mouscron (já extinto) foi afastado da Taça no mesmo recinto por 2-1. "Deram a volta à desvantagem (1-0) com menos um jogador", contou.
O póquer ressuscitou o gigante
Onze vezes campeão da Bélgica (só o Club Brugge e o Anderlecht somam mais títulos naquele país), o Union Saint-Gilloise desapareceu do principal escalão em 1963 e só voltou em 2021, muito à custa do capital investido (a partir de 2018) pelo inglês Tony Bloom, proprietário igualmente do Brighton - o clube da sua cidade natal.
Bloom tornou-se milionário na qualidade de jogador profissional de póquer e, entre os amigos, há quem diga, em jeito de brincadeira, que ele tem "sangue de lagarto" pela frieza com que joga e pela forma racional como gere os clubes.