Esforço potenciou a genética: Essugo ganhou três quilos de massa muscular num ano
O avanço científico nas principais academias tem otimizado os dados e influenciado o recrutamento de jovens. O "projeto Dário" começou há muitos anos e tem resultado pela dedicação do atleta.
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Dário Essugo foi titular contra o Arouca, tornando-se o mais novo de sempre num onze do Sporting na Liga. O médio, ainda com 16 anos - dia 14, segunda-feira, faz 17 -apareceu mais desenvolto e notoriamente mais tonificado do que quando há quase um ano se estreou pela equipa principal contra o V. Guimarães.
Médio de 16 anos tonificou os músculos num ano. O mapeamento feito pelo Sporting previa ter um portento, que se confirmou
O JOGO foi à procura da razão para este sucesso com o homem que levou o menino Essugo para os treinos na Cidade Universitária, em Lisboa. "O Dário faz um trabalho específico no plano de desenvolvimento individual como todos, com um trabalho específico de musculação, mas o seu empenho faz com que cresça mais rápido do que os outros. Aliado a isso, pode dizer-se também que tem a genética do seu lado. Deve ter mais 3 quilos de músculo do que há um ano", conta Luís Dias, ex-diretor do Pólo EUL, que recorda como a questão física foi importante para ficarem com o jogador, há mais de sete anos: "Geneticamente tem uma morfologia acima da média. Também acima da média é a sua capacidade muscular. Quando foi recrutado não o foi só pelo que jogava, mas pelo que podia dar olhando para os genes e para o ponto de vista morfológico. Claro que isso não garante o rendimento, mas é um princípio de análise. Depois, vindo da formação ou não, têm é de mostrar rendimento e ele mostra-o".
O potencial físico de um atleta é, desde há mais de uma década, uma medição feita de forma mais célere e o desenvolvimento da ciência nas principais academias de futebol tem permitido que apareçam talentos cada vez mais jovens.
Essugo tem sido um projeto de longa data e sempre acompanhado pelos melhores profissionais em Alcochete. No entanto, a componente individual é realçada.
"Ele não oscila, não se emociona. Isso é um factor de estabilidade na transição do futebol de formação para o profissional. Está ciente de que apesar de lhe estar a correr bem, isso não altera a sua forma de trabalhar. Está orgulhoso, mas sereno, de que ainda tem muito para percorrer. Levou um cartão amarelo e fez uma primeira parte com intensidade e confiança", revela a O JOGO Luís Dias, que fez questão de parabenizar o ex-pupilo pelo jogo de sábado, considerando que este é a alternativa a Ugarte caso Palhinha saia no verão: "Essa é a surpresa agradável que nos deixou. O Dário mostrou que está preparado para ser o número 2 do meio-campo defensivo e não o número 3. Não tenho dúvidas de que é para isso que o Rúben está a trabalhar".
Apoio aos estudos foi sempre preocupação
Depressa visto como um portento, Dário Essugo foi ajudado na junção entre futebol e estudos. Atualmente no 11.º ano, viu a vida mudar com a chamada à equipa A, que treina em horário escolar.
"Já existem opções que permitem com que a componente letiva seja dada por ensino à distância. Ele tem vida de jogador, tem estágios e muitas vezes falta às aulas, mas depois tem a oportunidade para recuperar as matérias", anota Luís Dias, explicando depois o agradecimento que Essugo fez aos psicólogos da Academia: "Teve sempre um apoio paralelo. Ajudam-no nos estudos. Não perdeu ano nenhum, teve explicações e conseguiu sempre ser aprovado".
Família blinda até nas lesões
Dário Essugo teve uma lesão muscular que o condicionou na primeira parte da época e a família tem sido pilar, revela Luís Dias. "Não fica apreensivo quando está lesionado nem demasiado emocionado quando bate recordes. A família transmite-lhe tranquilidade para ele estar neste trajeto. Esteve umas semanas lesionado, com um problema muscular, mas disseram-lhe que pode sempre depender de outros colegas, quer estejam castigados ou lesionados. Faz parte", analisa o ex-líder do Pólo EUL.
O remate forte e o meio-campo amigo
O jovem foi sempre trabalhado no meio-campo e destaca-se no remate, de acordo com Luís Dias: "Sempre esteve no corredor central, é dinâmico e tem um raio de ação muito grande. Ocupa bem o campo, poderá jogar como médio de construção ou até como defesa central, mas será melhor como médio centro porque tem boa finalização, remata bem de fora da área. Vai conseguir mostrar a sua valência no jogo ofensivo".
Benfica esteve atento e esforço compensou
É comum que os jovens que mais se destacam em Lisboa sejam referenciados pelos olheiros de Sporting e Benfica. Os encarnados tentaram convencer Essugo, mas foi o Sporting que levou a melhor. "Fico muito orgulhoso por ter sido o responsável por trazê-lo para o clube. Fui, muitas vezes, buscá-lo à escola primária para o levar aos treinos. É objetivo de qualquer treinador poder ajudar uma criança a ser profissional e de vir a jogar no estádio do lado contrário à Cidade Universitária [José Alvalade]. Esse percurso costuma demorar dez anos. Ele queimou muitas etapas", recorda Luís Dias.