Aos 38 anos, sem planos para terminar a carreira, Luís Rocha já sonha com a estreia na Liga Conferência, em julho, e o arranque da temporada para quebrar mais recordes
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Chegou aos Açores em 2023/24, proveniente de Moreira de Cónegos, com a intenção de ajudar o Santa Clara a regressar à I Liga. Uma tarefa difícil, mas que não lhe era estranha, uma vez que tinha feito o mesmo no Famalicão, Farense, Chaves e Moreirense, conquistas que lhe valeram, aliás, o cognome de “talismã das subidas”. Nos insulares, já pela mão de Vasco Matos, garantiu titularidade imediata no eixo central da defesa, posição que manteve, apesar da chegada de outras opções. A missão da subida foi cumprida com distinção, mas esse seria apenas o começo de uma reviravolta histórica no clube açoriano. Agora, prepara-se agora para mostrar à Europa o que vale.
Conseguiu que cinco dos clubes por onde passou subissem de divisão, sendo que o último foi o Santa Clara, em 2023/24. Já se habituou a ser apelidado de “talismã das subidas”?
—É verdade que sou associado a subidas de divisão, mas o verdadeiro talismã é o coletivo. Não conquisto nada sozinho. Ter uma equipa unida, como é a do Santa Clara, em que todos lutam pelo mesmo objetivo com um grande ambiente diário e entreajuda, é o verdadeiro talismã.
Que balanço faz desta época do clube?
—Foi perfeita, melhor seria impossível. Não me canso de dizer que fizemos uma excelente temporada. A equipa tinha vindo da II Liga, manteve grande base dos jogadores e, ainda assim, conseguir qualificar-se para a Liga Conferência, quebrando vários recordes pelo meio. É motivo de grande orgulho e sentimento de dever cumprido.
Qual o segredo para, aos 38 anos, continuar a ser titular e apresentar o mesmo rendimento que os jogadores mais jovens?
—Continuo a ver o futebol, os jogos e a competição com a mesma paixão de quando tinha 20 anos. Não tenho tido lesões, sinto-me muito bem fisicamente e continuo com vontade de acordar todos os dias para ir treinar. Competir é algo que adoro e que me alimenta e, enquanto tiver esta fome e esta mentalidade, vou continuar. O meu segredo é não colocar limites nos nossos sonhos e naquilo que diariamente nos faz felizes.
A propósito de competir, definiu alguma idade ou emblema onde gostaria de terminar a carreira?
—Vou jogar enquanto tiver ambição de competir, de conquistar coisas e de me sentir bem comigo próprio. Não imponho limites.
Quais são os planos para a próxima época?
—Posso prometer o mesmo ADN de uma equipa competitiva que luta pelos três pontos com qualquer adversário, sabendo que cada época tem uma história diferente. Individualmente, quero melhorar com o habitual compromisso de ajudar a minha equipa, a estrutura e, como sempre fiz, honrar o símbolo que carrego ao peito.
Defesa com papel de protagonista
Natural de Guimarães, o futebolista formado no Vitória já passou por 16 clubes de diferentes escalões, além de uma experiência na Bielorrússia, em 2018/19, ao serviço do Dínamo de Minsk. Ao longo dos 20 anos de carreira, destaca-se ainda o facto de nunca ter ficado no mesmo emblema mais de duas temporadas. O Santa Clara, clube com o qual tem contrato até ao final de 2025, será uma exceção a essa regra. Feitas as contas, o experiente defesa soma 43 golos, quatro assistências e cinco promoções. Este ano, a festa foi diferente, devolvendo os Açores às competições europeias .