Antecipação em torno do FC Porto-Boavista deste sábado não é a de outros tempos, mas palavras dos treinadores são um "bom ponto de partida".
Corpo do artigo
O cariz histórico do dérbi entre FC Porto e Boavista não passou ao lado de Sérgio Conceição e João Pedro Sousa.
O primeiro falou num "jogo diferente" para os portuenses, enquanto o segundo perspetivou uma partida "carregada de emoção e sensações". Inquiridos por O JOGO, Tiago, ex-jogador dos dois clubes, Álvaro Magalhães, escritor e adepto dos dragões, e Júlio Cardoso, membro do Conselho Geral boavisteiro, encaram as palavras dos dois treinadores como "um bom ponto de partida" para que se possa recuperar um pouco da chamada "mística".
O antigo médio considera que a intenção dos treinadores foi clara. "É natural que tentem transmitir essa importância, essa mística, uma vez que contam com vários jogadores que não têm noção do que significa o dérbi do Porto", defende Tiago. Álvaro Magalhães vê um embate de históricos "com menos peso" do que no início do século, algo que se justifica pelo "desequilíbrio que foi aumentando" ao longo dos últimos anos, assim como pelo "trânsito constante" a que os intervenientes estão sujeitos nos dias de hoje.
Foi algo que se perdeu, não só entre os jogadores, mas também nos adeptos dois dois clubes. Talvez o que os treinadores disseram seja uma tentativa de recuperação da intensidade de anos passados. É um bom princípio para se incutir no balneário. Porém, o contexto do futebol atual não permite que os jogadores se agarrem às camisolas", vinca o cronista de O JOGO.
Júlio Cardoso, por sua vez, acredita que o Estádio do Dragão poderá hoje ser o palco de um embate a fazer lembrar "velhos tempos". "Dá cartaz à cidade do Porto. Será sempre um dérbi da Invicta, que desejo que seja bem disputado. Os treinadores já tiveram o trabalho de instruir os jogadores sobre a importância deste jogo, entre uma equipa de um nível de ouro, o FC Porto, e outra com nível de prata, o Boavista", rematou o ator e encenador, sócio axadrezado há mais de 40 anos.
Um olhar sobre o dérbi
Tiago
Ex-jogador de FC Porto e Boavista
"As coisas mudaram um pouco desde o meu tempo nos dois clubes. Era um dérbi que se vivia com muita intensidade, hoje em dia nem tanto. Mas dérbi é dérbi e será sempre assim. O FC Porto vai mantendo dois ou três jogadores no plantel que podem transmitir esse significado. O Boavista, por sua vez, perdeu essas referências, muda mais jogadores do que o rival. É algo que acaba por ter peso no balneário, porque os clubes estão a perder os portadores da mística. Essas figuras fazem falta."
Álvaro Magalhães
Escritor e adepto do FC Porto
"O dérbi não tem o mesmo peso por culpa da falta de equilíbrio entre as duas equipas. Há vinte anos, os confrontos eram muito mais intensos. Diria que, neste momento, falta à cidade do Porto esse grande dérbi, com aquela rivalidade que é a matriz original do futebol. Falta esse dérbi de antigamente, como era o FC Porto-Boavista e mesmo o FC Porto-Salgueiros. Lisboa terá sempre o Benfica-Sporting, por exemplo. No Porto, poderá voltar a ser assim se o Boavista voltar a subir de nível."
Júlio Cardoso
Membro do Conselho Geral do Boavista
"O FC Porto-Boavista será sempre o dérbi da Invicta. Espero que o jogo de amanhã [hoje] seja, fundamentalmente, uma grande propaganda ao bom futebol, ao Norte e à cidade do Porto. Estamos a falar de duas grandes equipas, com dois grandes treinadores, com a responsabilidade de ostentarem duas das grandes bandeiras da região. Quanto à história e significado do dérbi, acho que esse trabalho já foi feito pelos treinadores no balneário. Essa é das primeiras coisas a ensinar."