A dois dias das eleições para a presidência do FC Porto, O JOGO traz-lhe as ideias dos três candidatos no que toca ao futebol profissional
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Como será organizado o futebol profissional e a abordagem ao mercado? Sérgio Conceição será a primeira opção? E se o treinador preferir sair? O JOGO desafiou os três candidatos a responderem a estas questões, fundamentais para o projeto do futebol profissional, o “coração” de todo o clube, a atividade principal, e uma das que mais trocas de galhardetes tem motivado entre as listas. Ainda assim, as três convergem numa ideia: Sérgio Conceição, apesar da época menos conseguida, é a prioridade para 24/25.
A Lista A, de Pinto da Costa, tem muitas caras novas, mas no futebol a aposta é na continuidade de Luís Gonçalves e Vítor Baía como responsáveis e elos de ligação entre os plantéis profissionais e a administração da SAD, enquanto Villas-Boas apresentou como trunfos Zubizarreta e Jorge Costa, rostos maiores numa equipa alargada de diretores, cada um com o seu departamento.
Sem os milhões da Liga dos Campeões para ajudar ao orçamento, a venda de ativos deve ser impossível de evitar, o que reforçará a necessidade de um maior acerto na hora de contratar, identificando talentos precoces, tanto a nível nacional como internacional, uma ideia que também é partilhada pelos três candidatos, assim como a necessidade de ter jogadores com o “ADN Porto”.
Nuno Lobo não avançou com nomes, deixando nas mãos de Sérgio Conceição, ou de um outro treinador, a identificação da necessidade de um diretor desportivo.
LISTA A
Equipa de gestão renovada
Estamos comprometidos com a identificação e preparação das melhores opções para fortalecer a nossa equipa e alcançar nossos objetivos, que num clube como o FC Porto, é conquistar todas as competições que disputamos. Quanto à organização do futebol profissional e à nossa abordagem ao mercado, temos uma estratégia bem definida que envolve a identificação de talentos promissores, tanto nacional quanto internacionalmente, bem como a procura por jogadores que se encaixem no perfil técnico e comportamental que buscamos para o Clube. No FC Porto não basta jogar bem, é preciso viver a nossa cultura vencedora, sentir a mística.
Quanto à organização do futebol profissional e a nossa abordagem ao mercado, temos uma estratégia bem definida que envolve a identificação de talentos promissores, tanto nacional quanto internacionalmente
No que concerne à posição do treinador, Sérgio Conceição foi, é e continuará a ser uma peça fundamental na nossa equipa técnica e a primeira opção para continuar a liderar a nossa equipa. Sabemos que, no futebol, o ambiente é muito volátil e as coisas podem mudar rapidamente, estando cientes de que as próprias circunstâncias pessoais ou profissionais podem levar um treinador a considerar outras oportunidades, no entanto, queremos deixar claro que contamos sempre com o nosso treinador.
Não nos cabe fazer diagnósticos hipotéticos, mas se o treinador preferir sair, respeitaremos a sua decisão e trabalharemos rapidamente para encontrar um técnico à altura do nosso Clube. Apresentámos uma equipa de gestão renovada e competente que estará pronta para lidar com essa situação, mantendo sempre o foco no sucesso do FC Porto.
LISTA B
Profissionais de elite centrados na obtenção de resultados
Temos um modelo muito claro e bem definido, adaptado ao que são hoje as características do futebol moderno. O futebol profissional é liderado pelo diretor desportivo Andoni Zubizarreta, que vai trabalhar com uma equipa de cinco diretores: Futebol profissional; Prospeção; Formação; Performance; Futebol feminino. Uma equipa de profissionais de elite, centrada na obtenção de resultados. Por isso, cada um destes profissionais tem a responsabilidade de identificar talento e potenciá-lo ao máximo.
Garantir as condições necessárias para o jogador do FC Porto poder concretizar desde cedo todas as suas capacidades técnicas e táticas, além de desenvolver o seu conhecimento do que é o futebol de elite. Mas não só. Tão ou mais importante do que as competências desportivas, é fundamental assimilar o que significa ser um jogador à FC Porto. Todas as direções têm de trabalhar de forma integrada, para rentabilizarmos os nossos ativos. Um papel preponderante neste modelo cabe à direção de prospeção, que tem de ser revitalizada de forma a recuperar o papel de liderança que em tempos foi nosso. Existe talento em todo o mundo à espera de ser descoberto, não é só no Brasil, no México ou na Colômbia.
Um papel preponderante neste modelo cabe à direção de prospeção, que tem de ser revitalizada de forma a recuperar o papel de liderança que em tempos foi nosso
Sobre o Sérgio Conceição, acredito que me faltam poucos dias para nos sentarmos, tranquilos e, de forma construtiva, falarmos sobre o futuro, perceber as razões da sua não renovação, os planos que tem. Uma conversa sobre tudo o que diga respeito ao futebol do nosso clube.
Se for eleito, repito e sublinho: o Sérgio vai ser a primeira pessoa com quem vou falar. O trabalho realizado por ele é, a todos os níveis, notável. Tem sido o principal rosto do FC Porto, até em situações que não são de sua responsabilidade. Naturalmente, temos todos os cenários em aberto. Nem poderia ser de outra forma.
LISTA C
Contrato de quatro anos para Sérgio Conceição
Já definimos que o atual treinador, o Míster Sérgio Conceição, deve ficar no clube por tudo o que tem sido criado: ADN Porto. Não admitimos cenários que não incluam essa continuidade, preferimos não equacionar outros cenários. Defendemos um contrato de quatro anos, período coincidente com o mandato dos órgãos eleitos.
Para nós, a identidade é fundamental porque ajudará a construir e a estabelecer objetivos de futuro. Desta forma, no futebol, é essencial criar uma estrutura vencedora, com uma equipa coesa e coordenada pelo treinador principal, reportando ao presidente tudo o que de relevante pode gerar sucesso.
Se não quisermos descurar o investimento no plantel - que tem de ser competitivo para garantir a presença europeia - vemos que tal só será possível com vendas de jogadores com critérios bem definidos e com muito rigor no lado das compras.
Negociar uma cláusula nunca inferior a 100 milhões de euros nos contratos de Francisco Conceição e Diogo Costa
Impõe-se por isso criar condições para que o clube obtenha vantagens negociais perante os representantes de jogadores e não seja como até agora submisso à vontade dos mesmos. As cláusulas de rescisão dos nossos melhores jogadores terão necessariamente de ser ajustadas ao seu real valor de mercado, considerando inaceitável vender jogadores com a qualidade de Vitinha ou Otávio por montantes de entre 40 a 60 milhões de euros. Necessariamente, esses dois ativos deveriam ter cláusulas de rescisão na ordem dos 100 milhões de euros. Isto tem de ser negociado com os próprios e bem negociado.
No presente e considerando que o FC Porto tem vendido mal, do nosso ponto de vista, os seus melhores ativos, deixamos desde já uma solução concreta: negociar uma cláusula nunca inferior a 100 milhões de euros nos contratos de Francisco Conceição e Diogo Costa porque efetivamente estamos a falar de jogadores afirmados e de topo mundial.