Pedro Machado salvou o Oliveira do Hospital da descida, tal como fizera em Anadia, mas agora quer elevar a fasquia
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Pedro Machado já treinou em todos escalões do futebol português, desde os iniciados até à I Liga, onde foi adjunto de Carlos Pinto no Paços de Ferreira. Em 2021/22 teve o primeiro desafio como treinador principal no Freamunde, levando-o à subida de divisão, sendo que nas últimas duas épocas terminou a festejar as permanências do Anadia e do Oliveira do Hospital na Liga 3. Chegou a meio da época em ambos os casos, após experiências no Vila Meã e S. João de Ver, que em outubro deixou no primeiro lugar.
Quando terminou a época anunciou a saída do Oliveira do Hospital. A que se deveu a decisão?
-Foi o sentir que o percurso tinha de terminar ali, foi muito desgaste emocionalmente e foi uma questão de feeling. Fomos muito bem tratados, bem recebidos por toda a gente. A Administração e Direção do clube fizeram um esforço para que a equipa técnica continuasse, mas um bocado à imagem do que aconteceu no Anadia, na época transata, chegou ao fim. Entendemos que o melhor era sair, por uma questão de gestão de carreira.
Só conseguiu a salvação na última jornada, quais as maiores dificuldades?
-Passámos por algumas dificuldades, mas acaba por ser natural na Liga 3. No mercado de janeiro, apesar do grande esforço da Administração e do clube, não conseguimos contratar e acabámos por perder alguns jogadores influentes. Olhámos sempre para isso na perspetiva de aproveitar para unir o grupo, pois são dificuldades que muitas vezes não se conseguem controlar. Temos consciência que havia clubes com melhores condições, mas a partir do momento que aceitámos o projeto, sabíamos para onde íamos. Tivemos de nos reinventar para que as coisas terminassem em sucesso.
Que balanço faz da passagem pelo clube?
-É um balanço muito positivo, uma aprendizagem tremenda, e o que trago são as pessoas do Oliveira do Hospital e da cidade. Foram sete meses em que fomos muito bem tratados, as pessoas foram muito humildes, sérias e honestas. Mesmo quando as coisas não correram bem - atravessámos um período difícil de um mês e meio - sentimos sempre o apoio de todos. Não houve nenhum momento em que sentimos desconfiança da SAD e do clube. Sentimos sempre que acreditavam muito que no final iríamos ser felizes.
Chegou em outubro, vindo do S. João de Ver, custou-lhe deixar uma equipa que estava em primeiro lugar?
-Custou-me deixar o grupo de trabalho. Tinha capitães fantásticos e um grupo muito feliz. Ia para o treino feliz, a sorrir. A equipa técnica, o presidente e o diretor-desportivo conseguiram contratar 15/16 jogadores com muita qualidade e caráter, e criámos um grupo muito bom, com um ambiente muito saudável. É lógico que as vitórias ajudaram a que isso fosse possível e, de facto, deixou-me muitas saudades. Fico a torcer para que regressem ainda esta temporada à Liga 3, pois seria mais um motivo para festejar.
É a sua segunda permanência na Liga 3, agora quer lutar por outros objetivos?
-Não escondo que tenho essa ambição, que não é desmedida, é natural querer projetos com outro tipo de ambição e realidades diferentes. Não escondo isso, esse é de facto o grande objetivo.
Preferia um projeto de Liga 3 para subir ou de II Liga para não descer?
-Costumo dizer que não sou um treinador de divisões, sou um treinador de projetos. Não escondo que tenho a ambição de nos próximos anos chegar à I Liga. É uma ambição natural, mas não estou agarrado a esse tipo de situações, de ser Liga 3, II Liga, I Liga ou Campeonato de Portugal. Sinto que eu e a minha equipa técnica temos condições para chegar lá, mas também temos noção que requer tempo. Mas acreditamos muito nisso.
Já teve propostas nesta fase, alguma o conseguiu seduzir?
-Temos algumas propostas em cima da mesa, mas temos tempo. Estamos a analisar essas situações com calma, com critério, para não nos precipitarmos. Neste momento, o timing é bom, a II Liga ainda está em competição, a Liga 3 também, por isso temos tempo para decidir bem. O que me cativa é o projeto, preciso de estabilidade e acho que isso é fundamental. Houve duas ou três situações que me despertaram mais interesse, o que é normal, mas vamos aguardar.
Duas subidas marcantes à I Liga e a amizade com o vizinho Pizzi
Natural de Bragança, Pedro Machado é vizinho de Pizzi, que agora está no Braga. “Temos uma relação de amizade, que começou com as nossas famílias. Não estudámos juntos, mas estudei com o irmão dele, o Rui. Apesar disso, dou-me muito bem com ele e quando nos vemos falamos de futebol e de outros temas”, conta o treinador a O JOGO, prosseguindo com os momentos mais marcantes na sua história: “Divido a minha carreira em três. Já fui treinador durante alguns anos na formação, algo importante para o meu crescimento. A passagem como adjunto do Carlos Pinto por vários clubes, na I Liga [Paços] e II Liga, foi extremamente enriquecedora, com subidas à I Liga do Santa Clara e do Famalicão que jamais esquecerei e que dão estaleca. Por fim, a situação de treinador principal, iniciada há três anos.”