
Duarte Gomes à esquerda
Lusa
Duarte Gomes, Diretor Técnico para a Arbitragem, marcou presença numa conferência de imprensa, esta quarta-feira, ao lado do presidente do CA, Luciano Gonçalves
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Tempo útil de jogo e compensação: "Muitas vezes se fala dos outros 3%, da consequência, impacto e visibilidade. Sabemos que é um registo perfeitamente normal nestas leituras. Dar também uma indicação importante: o nosso tempo útil de jogo está aquém. Temos um tempo útil de jogo, à 10.ª jornada, de 53 minutos e 9 segundos, inferior aos padrões que entendíamos. Há ligas com valores piores, mas não são essas as nossas referências. Isso significa um aumento de um minuto em relação ao ano passado. O contraponto desta menor eficácia no tempo útil: os árbitros estão a dar mais tempo de compensação. No ano passado, por esta altura, a média era oito minutos e 50 por jogo, este ano é nove minutos e 53 segundos. Sabemos que parte da responsabilidade é dos árbitros, quanto mais faltas mais jogo parado. Mas também, obviamente, mais simulações de lesões, mais quedas de guarda-redes em que não há lesões visíveis, com aproveitamento para uma espécie de tempo técnico. Se um jogo pára com três minutos e cinco segundos para uma análise VAR, esse tempo é acrescentado literalmente ao tempo adicional. Tempo perdido nas bolas paradas... As equipas de arbitragem também têm papel fundamental e estamos atentos a isso."
Motivos para os erros dos árbitros: "Por uma desconcentração pontual, perdendo o foco no momento exato. Porque têm o foco no local errado. O foco está nos braços, a falta é um pisão, etc. Erram porque podem estar mal colocados. Porque o lance é muito difícil. Sei que ninguém gosta da expressão 'cinzento', na fronteira, mas a expressão existe há muito tempo. Independentemente da decisão, são lances suscetíveis de dúvida. Erram por inexperiência. Por incompetência momentânea, não se lembrarem da regra, da recomendação. Mas também erram porque são ludibriados, enganados na simulação, na mão que agarra na cara quando o toque é no pé. No que depende de nós, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Detetar os erros, perceber os motivos pelos quais acontecem, o que levou à tomada de decisão, como estavam colocados, como comunicaram, onde se desconcentraram. Mais do que aspetos técnicos, toca em aspetos mentais e psicológicos. E isto também se trabalha."
"Não vamos vacilar": "Queremos esta abertura. As coisas demoram o seu tempo, isto é um processo. E se não fosse um processo, não haveria erros na fantástica liga inglesa, espanhola, alemã. Temos a noção de que este é um mundo extremamente sensível e com várias variáveis em causa, mas isso não pode servir de desculpa. Uma nota final: não sei quantas vezes tiveram a oportunidade de estar numa conferência convocada pelo CA para poderem fazer as vossas questões para que, sem filtros, possamos responder. Isto é novo para nós e para vocês. Estamos perante um paradigma novo. A gestão macro do CA e a sua direção técnica totalmente focada no desempenho. Isto também requer um percurso de aprendizagem. Não estamos imunes ao ruído exterior, não nos escondemos dele, e tentamos ter momentos de aprendizagem. Aprendemos com a crítica construtiva. E em vários momentos, ouvimos e lemos coisas que fazem sentido. Na maioria, infelizmente, não. Sabemos que estas são as regras do jogo e convivemos muitíssimo bem com isto, tal como os árbitros, que estão a lidar com algum aparato excessivo que acontece, muitas vezes, de forma estratégica e direcionada. Temos um rumo definido por quatro anos, talvez a oito ou 12. Não vamos vacilar, independentemente das tempestades que venham. Mas vão existir momentos em que erramos, reconhecer que não fizemos bem, e vamos assumi-lo com toda a frontalidade."

